terça-feira, 4 de setembro de 2012

V de Vingança?

Por Denise Fernandes


         A tevê facilita reprises. De novo: V de Vingança, Matrix. A segunda vez me trouxe um Matrix ainda mais perto de mim, mais amoroso, mais filosófico. Um oráculo a decifrar, várias dimensões, virtual e virtual, real e real, virtual-real. A vingança revisitada me pareceu sem graça, desesperança, amor depois de tortura, que tédio... Com máscara, sem máscara. Que saco essa história de cela fria, guerra pra lá e pra cá, miséria. Que merda. V de voz, de verdade, de vales. V de viva, mas aí precisa se procurar do que se dar vivas ou, talvez, simplesmente viver; sem tanta máscara, estratégia, esperanças fabricadas: a alegria de fazer xixi, cocô, comer, beber água, coabitar esse universo com os outros seres. A complexidade dessa sede por vingança nem sei se me assusta ou me entristece, o vazio, a falta de senso que traz...
         De repente flagro a expressão desesperada de ciúmes da mulher à minha frente e sinto medo de ter os mesmos sentimentos que ela. Sorrio por fora e tenho medo por dentro. É claro que começaria tudo outra vez, mas me sinto tão assustada como sempre. Talvez seja porque nasci num dia frio e na barriga da minha mãe tava tudo quentinho. Ou porque meu anjo da guarda é preguiçoso, não quer trabalhar: ele me manda ficar na minha. Assim é mais fácil organizar a situação. É possível não se apaixonar, caminhar tão leve na areia e não deixar marca alguma? Aí vem o Kung Fu mocinho, o David Carradine foi lindo e me salva. Ele sabe caminhar na areia super bem e sabe outras coisas na minha imaginação super bem também, em episódios que imagino só pra mim; enquanto o mundo se deteriora aos poucos. É reprise? É o passado no presente ou o presente já foi passado também? Cadê o diretor desse filme? Gostaria de pedir uma troca pra sonoplastia... Eu e o Kung Fu detestamos o som das aeronaves do presente...

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