Por Denise Fernandes
A tevê facilita reprises.
De novo: V de Vingança, Matrix. A segunda vez me trouxe um Matrix ainda mais
perto de mim, mais amoroso, mais filosófico. Um oráculo a decifrar, várias
dimensões, virtual e virtual, real e real, virtual-real. A vingança revisitada
me pareceu sem graça, desesperança, amor depois de tortura, que tédio... Com
máscara, sem máscara. Que saco essa história de cela fria, guerra pra lá e pra
cá, miséria. Que merda. V de voz, de verdade, de vales. V de viva, mas aí
precisa se procurar do que se dar vivas ou, talvez, simplesmente viver; sem
tanta máscara, estratégia, esperanças fabricadas: a alegria de fazer xixi,
cocô, comer, beber água, coabitar esse universo com os outros seres. A
complexidade dessa sede por vingança nem sei se me assusta ou me entristece, o
vazio, a falta de senso que traz...
De repente flagro a
expressão desesperada de ciúmes da mulher à minha frente e sinto medo de ter os
mesmos sentimentos que ela. Sorrio por fora e tenho medo por dentro. É claro
que começaria tudo outra vez, mas me sinto tão assustada como sempre. Talvez
seja porque nasci num dia frio e na barriga da minha mãe tava tudo quentinho.
Ou porque meu anjo da guarda é preguiçoso, não quer trabalhar: ele me manda
ficar na minha. Assim é mais fácil organizar a situação. É possível não se
apaixonar, caminhar tão leve na areia e não deixar marca alguma? Aí vem o Kung
Fu mocinho, o David Carradine foi lindo e me salva. Ele sabe caminhar na areia
super bem e sabe outras coisas na minha imaginação super bem também, em
episódios que imagino só pra mim; enquanto o mundo se deteriora aos poucos. É
reprise? É o passado no presente ou o presente já foi passado também? Cadê o
diretor desse filme? Gostaria de pedir uma troca pra sonoplastia... Eu e o Kung Fu detestamos o som das aeronaves do presente...
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