Por Mayanna Velame
Às
vezes, nos entraves da vida, temos vontade de nos evadirmos desse planeta (nem
que seja por alguns minutos). Não é novidade assistirmos e/ou ouvirmos notícias
ruins: a crise política e moral que assola o país; a violência insistente; o
crescimento do desemprego e o descontentamento significativo do povo, entre
outras coisas, deixa-nos atordoados. Enquanto isso, nos Estados Unidos, Donald
Trump deleita-se em discursar contra os imigrantes. E na Coreia do Norte, os
testes com armas nucleares voltam a assombrar nações.
Na
insatisfação que nos abraça, de vez em quando, surge uma inveja “branca” das
estrelas. Por um momento, gostaríamos de ser como elas: cintilantes, imponentes
e únicas no céu. Versejando na calmaria do universo, testemunhando a bravura
dos astronautas e, de longe, observando, sem se corromper, a ambição maligna
dos homens terrestres.
Com
as desigualdades sociais – cada vez mais presentes – e a desunião humana, viajar
para o universo não seria má ideia. Armar uma barraca na lua, construir uma
casa com rochas lunares ou passear na cauda de um cometa qualquer, aliviaria as
dores que sentimos.
Na
inocência que ainda carregamos, perguntamos se os alienígenas não se
assustariam em visitar um lugar como o nosso: repleto de egoísmo e de
indiferença. Estarmos fora de órbita num planeta tão inerente às mazelas. Poderia
nos dar um refrigério; mesmo que instantâneo. No entanto, não há consolos, até
porque viagens espaciais custam cifras astronômicas. E elas estão fora do padrão
de nossos orçamentos.
Lá
fora, o mundo gira. Seguimos na rotação da Terra, cruzamos seus meridianos e
trópicos, atravessamos linhas. Avistamos o Sol e socorremos as noites. Se viver
no universo é quase uma utopia, só nos resta contemplar o céu e seus acessórios. E, por um expressivo instante, criamos
nosso próprio espaço, tempo e mundo.