sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Morada no universo

Por Mayanna Velame




Às vezes, nos entraves da vida, temos vontade de nos evadirmos desse planeta (nem que seja por alguns minutos). Não é novidade assistirmos e/ou ouvirmos notícias ruins: a crise política e moral que assola o país; a violência insistente; o crescimento do desemprego e o descontentamento significativo do povo, entre outras coisas, deixa-nos atordoados. Enquanto isso, nos Estados Unidos, Donald Trump deleita-se em discursar contra os imigrantes. E na Coreia do Norte, os testes com armas nucleares voltam a assombrar nações.


Na insatisfação que nos abraça, de vez em quando, surge uma inveja “branca” das estrelas. Por um momento, gostaríamos de ser como elas: cintilantes, imponentes e únicas no céu. Versejando na calmaria do universo, testemunhando a bravura dos astronautas e, de longe, observando, sem se corromper, a ambição maligna dos homens terrestres.


Com as desigualdades sociais – cada vez mais presentes – e a desunião humana, viajar para o universo não seria má ideia. Armar uma barraca na lua, construir uma casa com rochas lunares ou passear na cauda de um cometa qualquer, aliviaria as dores que sentimos.


Na inocência que ainda carregamos, perguntamos se os alienígenas não se assustariam em visitar um lugar como o nosso: repleto de egoísmo e de indiferença. Estarmos fora de órbita num planeta tão inerente às mazelas. Poderia nos dar um refrigério; mesmo que instantâneo. No entanto, não há consolos, até porque viagens espaciais custam cifras astronômicas. E elas estão fora do padrão de nossos orçamentos.


Lá fora, o mundo gira. Seguimos na rotação da Terra, cruzamos seus meridianos e trópicos, atravessamos linhas. Avistamos o Sol e socorremos as noites. Se viver no universo é quase uma utopia, só nos resta contemplar o céu e seus acessórios. E, por um expressivo instante, criamos nosso próprio espaço, tempo e mundo.

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