Por Flávia Marques
sábado, 30 de junho de 2012
sexta-feira, 29 de junho de 2012
VIGÍLIA DOS GATOS
Por Sérgio
Bernardo
Uma ânsia furtiva, um segredo
quando um gato se perde dentro da noite,
alheio à tutoria humana.
Ele cruza a altura dos telhados
com a silhueta flexível recortada
contra o círculo da Lua.
Pode ser que volte pela manhã ou nunca volte.
É livre a psyché felina em terreno de sombras.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Imensidão
Por Rayane Medeiros
Quero ver o mar,
Pôr os pés na
água,
Caminhar...
Quero sentir o
vento emaranhando o cabelo;
O sal
embrenhando na pele;
O frio
arrepiando o pêlo...
Quero sentir a
areia fina tocando os dedos;
Embebedar-me com
o céu confundindo-se ao mar,
Os pássaros
invadindo seus segredos...
Eu quero ver o
mar,
Mergulhar,
Deixar as mágoas
por lá...
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Polegar Abaixado
Por Fabio Ramos
CA BE ÇA
NO LU GAR
GUI LHO TI
NA
SA GRA DA
SAN GUE
RE VOL TO SO
LA VA A PRA
ÇA
SE
OU SAR PEN
SAR
ELE OU SOU
E TER MI
NOU
AS SIM:
MO TI VO
DE OR GU
LHO
IN FI NI...
TUM!
terça-feira, 26 de junho de 2012
Flor
Por Denise Fernandes
(Para Tia Sandra)
Em tudo a memória da mão amiga
o cheiro da pessoa querida
os bons momentos passados juntos
cavando outro horizonte
esse dia também me levará
No universo do desejo
surgem novos jardins
um poeminha uma vontade louca
tudo é espera mas também ação
no carinho de quem gosta de mim
me renovo além do tempo:
fotografo outra flor
lembro da tua voz nós olhando a chuva
sábado, 23 de junho de 2012
Confissão
Por Flávia Marques
Tenho o dom de te amar,
mais nada.
Não sei dar jeito
numa roupa esburacada,
mas te olho com olhos de perdão.
Não te faço a comida que tu gostas,
aquele peixe em postas
que sua mãe faz não.
Se compensas
avalie bem devagarinho,
que o meu carinho
é bem verdadeiro.
Não te dou
roupa branca e passada
mas minha risada
é seu picadeiro.
Tome nota da declaração
que não faço não,
nunca mais na vida.
Aproveite cada letra,
cada traço, cada beijo,
todo abraço
de sua escolhida.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Reticências
Por Rayane Medeiros
Do pecado de ser instável,
De ser volúvel,
De nunca abster-se:
Sou-me intensamente -
Permito-me,
Reinvento-me,
Desfaço-me em reticências...
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Lacunas Ausentes (Preencha As)
Por Fabio Ramos
Um fantasma se aproxima no saguão do aeroporto.
- Rapaz, é você mesmo! Quanto tempo, hein?
– XXXXXXXXX
- Tudo, e você?
– XXXXXXXXX
- Caraio, nem me fale... Desde que a facu terminou, nóis num se
viu mais! E a Lorena, como vai?
– XXXXXXXXX
- Num sabia que cês tinham separado. Mulher é bicho complicado,
né? Por isso eu continuo na vagabundagem. Pelo menos num pago pensão.
– XXXXXXXXX
- E o pessoal daquela época? Cê ainda tem contato?
– XXXXXXXXX
- Sabe, outro dia descobri que o Lúcio trampa na mesma
repartição que eu. Cê precisa ver o cara: barrigudo, com problema de pressão alta,
careca... Nem lembra o porra-loca que a gente conheceu. Ele tá só o bagaço!
– XXXXXXXXX
Riso de ambos.
- Pode crê, véio!
– XXXXXXXXX
- Eu? Eu tinha milhões de ideias, cê num imagina... Um futuro
todo planejado. Era muita sede de sucesso, grana e fama. Hoje sou funcionário público...
Que merda, né?
O aviso sonoro reitera a informação do painel. Última chamada
para o voo 2908.
- Esse é o meu, Marcão! Tenho que embarcá agora. Vamo fazê o
siguinte: quando eu voltá de viage, nóis marca uma ceva pra colocá os assunto
em dia! Que tal?
– XXXXXXXXX
- Anota meu celulá aí... Aproveita e passa o seu número tamém.
Os velhos amigos se abraçam. Vão embora. O encontro casual fica na memória dos dois. Desde então, eles nunca mais se viram.
terça-feira, 19 de junho de 2012
O Pássaro
Por
Denise Fernandes
o olho no pássaro
sua coragem delicadeza
diz mais do zen de tudo
que mil monges
há amor no olho
que o pássaro transforma
estou grata em tons de cinza
na cidade esquisita
ainda que rezem
será sempre um teatro
o parque vazio espera a chuva
e eu nem sabia, esperava esse pássaro...segunda-feira, 18 de junho de 2012
°Íris°
Por Ani Almeida
menina-flor
flor-de-menina
aflora
na flor-da-idade
semi-deusa da fauna
floresce, flori
em flor, floreia
flor-de-íris
flor-da-íris
sintomática ilusão
Poetisa paulista com
pretensões de escritora iniciante, tem mil textos começados.
Publicou, independente e artesanal, Uma Simples Coletânea a Uma Pessoa Rara (2009), além de colaborações em Revistas Literárias. Escreve no blog Lunática Poesia.
É também a idealizadora e editora da Revista Elis.
Publicou, independente e artesanal, Uma Simples Coletânea a Uma Pessoa Rara (2009), além de colaborações em Revistas Literárias. Escreve no blog Lunática Poesia.
É também a idealizadora e editora da Revista Elis.
sábado, 16 de junho de 2012
A Madrilena - Parte 2 de 2
Por Flávia Marques
Úrsula
foi até a cozinha. Pouco depois, voltou com um prato farto de comida e uma
garrafa de água fresca.
– Eu
tinha acabado de fazer o almoço quando você chegou. Coma tranquilo, quando
terminar conversamos.
– Obrigado.
– Qual
é o seu nome, peão?
– Graciano,
seu servo.
– Vou
passar um café para acompanhar a prosa. Espere aqui.
O rapaz
bebeu primeiro a água, pois estava com a sede de um dia inteiro. Enquanto
comia, contava para Úrsula como entendia de plantações. Por ter trabalhado nas
mais diversas funções na lida da terra, em tantos lugares diferentes, conhecia
os climas e sabia o que se adaptava melhor a cada um deles. Combinaram que
Graciano ficaria ali para realizar as tarefas mais pesadas – e não falaram nada
sobre o tempo de permanência. Ambos possuíam almas livres e, se a um fosse
difícil se fixar em qualquer lugar, à outra, a menor indicação de cárcere
dava-lhe borbulhas no sangue.
Úrsula
percebeu, com o passar do tempo, que as coisas mudavam rapidamente em suas
terras. Primeiro a aridez e a infertilidade do solo deram lugar a um terreno
fértil, produto das chuvas constantes e equilibradas, raríssimas na região, e
do trabalho diligente do ajudante misterioso. Depois as galinhas começaram a
botar ovos quatro vezes ao dia. As vacas não paravam de esguichar leite pelas
tetas brilhantes de tão esticadas. Até Lilica, a cachorrinha, apareceu prenha;
apesar de Sherlock ter mais de vinte anos – uma idade avançada para qualquer
cachorro. Em um tempo absurdamente curto, pés de manga, jaca, banana e laranja apareceram
apinhados. Eram tantas as frutas, e reapareciam tão rápido, que não se podia
sentar um minuto no pequeno sítio. De tão fortes e macios, os aipins pulavam da
terra. As pessoas vinham de longe para comprá-los.
Graciano
não parava de trabalhar. Dormia tarde e acordava cedo. Além dos cuidados com a
terra e os animais, também comercializava os produtos na cidade com a velha
caminhonete que ele mesmo consertou. Quando voltava, preparava tudo para o dia
seguinte e ajudava Úrsula com os clientes que chegavam sem parar. À noite,
pessoas da redondeza vinham ouvir a viola do moço e, quando o frio baixava,
tomavam aguardente para aquecer o corpo. Úrsula gostava de cantar, com a voz
fraquinha, melodias castelhanas que lembravam sua infância. A alegria era tanta
que não viam o tempo passar. Não foram poucas as vezes que emendaram a noite de
festa num dia inteiro de trabalho pesado.
Aos
poucos Úrsula foi percebendo que o milagre da terra também alterava a ela
mesma. Um dia, ao acordar, teve a impressão de que sua pele parecia mais
esticada e viçosa – e apareceram fios castanhos nos cabelos. Notou que remoçava
lentamente: as coxas engrossaram e os olhos voltaram a enxergar sem a ajuda dos
óculos. Sua voz não mais tremia e, em seus braços, sentia a força da juventude.
Ao fim
de oito anos, acordou com a mesma idade de Graciano; ficando maravilhada com as
possibilidades que se descortinavam à sua frente. Não teve dúvidas de que
aquele fenômeno estivesse intimamente relacionado ao seu hóspede especial.
Levantou-se da cama e olhou pela janela. O sol ainda não havia saído. Todo o
sítio repousava em silêncio. Ao redor, tudo seguia o curso normal. Só dentro de
seus portões o sobrenatural tinha liberdade para acontecer. Debaixo das
mangueiras, enrolado dentro de uma rede, Graciano dormia como um inocente.
Úrsula jogou a manta de lã sobre os ombros e foi ao encontro do jovem. No
caminho, parou diante do espelho e contemplou mais uma vez seu reflexo
impressionante. Atravessou a porta da frente decidida: caminhou pela varanda
lateral, em direção ao pomar, e desceu as escadas; colocando-se ao lado do
moço. Graciano abriu os olhos e a rede, recebendo com um largo sorriso a mulher
que, pacientemente, aguardou até que ele estivesse pronto.
sexta-feira, 15 de junho de 2012
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Minha Novela
Por Rayane Medeiros
Ver-te em minha novela
Tão somente meu –
Senhor de meus suspiros,
Sorrisos repentinos que me flagram,
Do palpitar desconexo que me trai...
És um sonho, Moço,
Um lindo sonho que
Acalante-me,
Afaga-me,
E me beija o coração apaixonado.
És meu sonho, Moço,
E orbito oscilante em ti,
Radiante,
Indisciplinada,
Como o primeiro e
Derradeiro amor...
És meu sonho, Moço,
Meu mais lindo sonho,
E não me permito despertar!
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Cicuta
Por Fabio Ramos
uma gargalhada
soando forçada
não é piada
tanto fez
que conseguiu
ministrar
correndo
em câmera lenta
acima do chão
ela vai