sábado, 31 de março de 2012

De que Lado?

Por Flávia Marques


                                          Muda, imperceptível, estagnada.
                                          E a vida segue,
                                          E a marca fica,
                                          E o melhor seria esquecer.
                                          Mas qual?
                                          Esquecer implica
                                          Em deixar ir.
                                          A porta bate atrás dela
                                          E o mundo para,
                                          Então ela volta
                                          E tudo recomeça.
                                          Ele diz que não sabe,
                                          Mas é insuportável ficar.
                                          Ficar é aceitar a dor
                                          E isso não faz o seu tipo,
                                          Mas ela não é a mesma de antes
                                          Há muito tempo...

                                          - Não, meu bem,
                                          Preciso me resgatar,
                                          Dessa vez
                                          A porta vai se abrir
                                          E quando ela fechar
                                          Eu não estarei mais aqui.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Surdez Urbana II

Por Sérgio Bernardo


A pomba esbarra no automóvel,

o alarme dispara,

é o medo de uma perda que rompe

o silêncio do bairro.


Ninguém aparece

para calar o grito artificial.


Acostumada aos ruídos do universo,

a pomba descome todo o milho do almoço,

tranquila,

sobre o capô vermelho.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Prole do Cesto Podre

Por Fabio Ramos

                   
                   Incapaz de
                   Amarrar os
                   Cadarços
                   Entrevado
                   Sem poder
                   Caminhar

                   Quando
                   O tremor das mãos
                   For mais forte
                   Entenderás

                   Oh desnaturado
                   Filho do puto
                   Que não sou
                   Eu

                   Quando
                   Se sentires
                   Um estorvo
                   Numa dessas
                   Camas
                   Hospitalares

                   Quando
                   Os ossos
                   Forem tão frágeis
                   Quanto porcelana

                   Quando
                   Tiveres mais
                   Lembranças
                   Do que dias
                   Pela frente

                   Saberás que
                   Herdou a miséria
                   De quem
                   Trabalhou
                   Viveu
                   Se fodeu                                                             
                   E nada aprendeu

terça-feira, 27 de março de 2012

Setembro

Por Denise Fernandes



                             Setembro é tão forte que brota
                       nos outros meses em flores
                       cores. É com certo jeito que dizem
                       o meu nome que me marca e conduz.
                       A existência da estrada é setembro,
                       e essa montanha que temos vontade de escalar.
                       Quando coloco óculos
                       para ver o mundo melhor é setembro.
                       Verão fora de verão também é setembro.
                       Tudo que prospera é setembro,
                       tem a sua energia. Essas raízes que vocês
                       lançaram não sei para onde
                       tem o dom de setembro, quase sonoras.



                       Onde caminho, em tudo me lembro
                       De nossos passos em setembro
                       Não passou
                       mas é eterno e efêmero ao mesmo tempo.
                       É um pouco como chuva e sol,
                       casamento de espanhol,
                       ou sol e chuva,
                       casamento de viúva.
                       É como vontade de chorar
                       quando a gente fica feliz,
                       noite de luar
                       quando a gente nem tá feliz.

sábado, 24 de março de 2012

O Coronel e a Terra das Rotas Diagonais


Por Flávia Marques


Amora Cantuária foi professora de matemática da escola de Normalistas durante quase quarenta anos. Não sabia fazer outra coisa e seu trabalho tinha sido sua segunda paixão. A primeira se chamava Coronel Amaral. Conheceu o Coronel numa viagem de barco que fez com a mãe quando ainda era uma estudante. Ela voltava de uma visita às primas de um vilarejo vizinho, e ele era um senhor de porte altivo e bigodes impecavelmente arrumados. O Coronel comemorava Bodas de Prata e, além dele e da esposa, estavam os oito filhos e três filhas, noras e netos. Amora bem que tentou desviar seus olhinhos de louva-deus daquele homem de mãos de urso e voz de trovão, mas ficou hipnotizada pelo azul marítimo de seus olhos e o sorriso musical que lhe dirigia; que não pôde resistir. Dois dias depois que desembarcaram, recebeu flores e um convite para passear a cavalo pelas Terras Esquecidas, um lugar ao sul, onde só homens corajosos se arriscavam a cavalgar porque havia uma lenda que dizia que as pessoas que chegassem àquelas terras com algum desejo de vingança no coração, perdiam completamente a memória, se esquecendo, inclusive, de se defender da morte, e não retornando jamais.

Amora Cantuária confiou na fama de homem valente que o Coronel ganhou durante anos de guerras e perdas. Não podia imaginar lugar mais seguro que entre seus braços. Encontraram-se debaixo do Carvalho do Limite – que tinha esse nome porque marcava o limite entre a cidade e as Terras Esquecidas – e cavalgaram durante uma hora, conversando sobre a vida e como ela os levou até ali. Amora levava, pendurada em seu bracinho, uma cesta com frutas e doces que preparou de manhã para a hora do lanche. Desceu de seu cavalo e estendeu, debaixo de uma árvore antiga e frondosa, uma toalha de linho bordada de passarinhos e versos que ela mesma fizera. Antes que distribuísse os alimentos sobre a toalha, o Coronel se colocou de pé às suas costas e declarou:

– Só há uma fruta que desejo agora.

Aproximou-se da pele morena da menina, e beijou sua nuca – seus lábios macios e quentes – e Amora deixou escapar um gemido de agonia porque pensou:

– É hoje que morro e sou toda pecado!

Surpreendeu-se ao perceber, porém, que, ao invés de morrer, tirou a roupa com a certeza de que estava diante de sua mais difícil escolha, deitou-se na toalha e, antes que pudesse tirar as botinhas, o Coronel a impediu, dizendo que gostava mais assim. E ali, entre passarinhos e versinhos bordados, deu ao único homem de sua vida sua mais valiosa virtude, guardada com tanto cuidado para o casamento que jamais faria. Foi assim durante os primeiros anos até que a mãe de Amora morresse e a deixasse sozinha, na pequena casa de tijolos vermelhos, no fim da Rua dos Escravos. O Coronel passou a visitá-la esporadicamente, sem jamais perder as emoções do primeiro encontro. Aos poucos, desenvolveram uma forte amizade que, somada ao desejo que os unia, se aproximava muito do amor verdadeiro. Amora escutava as reclamações do Coronel com a paciência de quem seria recompensada no fim. O Coronel se desdobrava em agradá-la, pois o angustiava a ideia de que pudesse faltar algo à amante quando ele já a privava de tanto.

Os anos se passaram e ela o acompanhou, resignada e agradecida, dividindo-se entre suas duas paixões com tanto empenho que mal percebeu a velhice chegando, os cabelos embranquecendo e os dentes folgando na boca. Quando completou setenta anos, aposentou-se a contragosto, e sentiu pela primeira vez o peso da idade. Viu a casa vazia e desejou ter filhos e netos, mas era tarde demais. Recebia visitas, é verdade: suas ex- alunas com seus filhinhos vinham tomar chá com biscoitos à tarde e contavam para a velha professora a felicidade de ser mãe e dona de casa; sem perceber o quanto isso poderia feri-la. Amora escutava de olhinhos quase fechados, imaginando-se no papel de cada uma delas, e sabia disfarçar tão bem suas tristezas que nunca perceberam uma lágrima solitária deslizar pelo canto de seu olho esquerdo e sumir antes de tocar o chão. O Coronel ainda a visitava para comer bolinhos de chuva e tomar refresco de carambola, sentados debaixo do Carvalho do Limite, que ele mandou transplantar para o quintal da amante quando abandonaram o costume de desafiar a morte nas Terras Esquecidas. Relembravam o passado e riam a valer das loucuras que fizeram para passar alguns instantes saboreando o gosto um do outro, mapeando seus corpos, e fazendo planos de viagens arriscadas e aventureiras que o Coronel jurava que fizeram mesmo, porque tinha uma profunda convicção de que realizamos tudo o que imaginamos, só que num plano diferente.

Era um homem forte, a quem os anos pintaram os cabelos de branco sem, contudo, enfraquecer os ossos ou enrugar sua pele. Mantinha o mesmo sorriso de rapaz, e o mesmo magnetismo nos olhos, com os quais matou de medo uma sucuri num dos dias que passou perdido na Floresta Descomunal. O próprio menino que o acompanhou ficou mudo por três anos, e teve que carregar um bloquinho e um lápis para onde quer que fosse a fim de contar essa e outras histórias para os moradores de Cabiceira.

Uma das histórias mais engraçadas que o Coronel protagonizou, foi no dia que a cidade completou 150 anos. Os jornalistas resolveram entrevistar os moradores mais antigos e Procópio Azira, da Gazeta Cabiceirense, foi designado para o Coronel:

– Coronel, o senhor poderia nos dizer a receita para a longevidade?

– Gemada pela manhã e escorpiões fritos sempre que tiver vontade – respondeu, com a malícia de quem queria perpetuar uma lenda. – Mas nada disso adianta se você dormir de olhos fechados. Eu nunca fecho os meus.

Isso era bem verdade. Da primeira vez que Amora viu o Coronel dormindo, ficou tão assustada que foi chorar na cozinha, certa de que o homem tinha morrido em sua cama. Depois se acostumou, porque não há nada que a mulher não suporte. Em Cabiceira do Rio Seco, quando os homens espantam e desmaiam pelo caminho, chamam uma mulher para continuar por eles.

No dia da inauguração do cinema, Gertrudes, a moça que ajudava Amora com os serviços de casa, pediu folga de tarde para ir à praça com o namorado ver o movimento das famílias tradicionais da região na festa em homenagem à data histórica. Amora concedeu a folga à menina, com a promessa desta de trazer biscoitinhos de polvilho quando voltasse para casa. Gertrudes sentou com Manoelito e viu quando a comitiva do Coronel Amaral passou, mais festejada que a do prefeito. As crianças seguravam algodões doces, e as moças vinham em vestidos de domingo com flores nos decotes. O Coronel Amaral veio em terno de linho branco e cheiro de lavanda, de braço dado com a esposa sorridente e afetada. Também compareceram o Prefeito, o Vereador, o Delegado e dona Sinhá Moça, a única sobrevivente da família Córtez.

Às duas da manhã, quando a música sacudia os vidros das janelas, um menino descalço chegou esbaforido, mandado pelo doutor Cunha, e entregou um recado ao senhor Prefeito. Este, em tom de lamento, anunciou que dona Amora Cristina Guilhermina da Cantuária tinha acabado de falecer, vítima de um ataque fulminante do coração.

Ao ouvir essas palavras, Gertrudes correu em desespero pelas ruas gritando que não poderia ser verdade. O Coronel desmoronou na cadeira mais próxima. Até sua esposa ficou branca como cera com pena da dor do marido – e triste por perder aquela que a ajudara a suportar aquele homem por tantos anos. As mocinhas tiraram seus lenços das bolsas e começaram a chorar. A festa acabou e os convidados foram para suas casas colocar o luto e continuar a reunião na Capela da Santa Casa de Misericórdia.

O dia amanheceu escuro, e choveu por duas semanas, durante as quais, o Coronel só colocou água no estômago. Em sua dor, lembrou de todos os anos que passou ao lado da morena de olhos de louva-deus, tão pequena e delicada que ele pensou que partiria ao meio quando a teve pela primeira vez, e do seu cheiro adocicado de manga, e dos cabelos castanhos que iam até os joelhos em caracóis. E que ela estendia como um tapete sobre as costas quando se deitava de bruços, para que ele os pusesse de lado e beijasse seus quadris antes de virá-la e enchê-la de beijos, causando-lhe arrepios enquanto ela dizia:

– É hoje que morro e sou toda pecado...

No décimo quinto dia de jejum, o Coronel levantou de sua cadeira, tomou banho, aparou a barba, perfumou-se com a colônia mais cara, montou em seu cavalo e partiu. Os que o viram pela última vez, juram que ele entrou nas Terras Esquecidas. E aos que o alertaram de perigo, ele falou:

– Tenho mesmo contas a acertar.

quarta-feira, 21 de março de 2012

a porn star in that salivating blue sky

By Fabio Ramos


there are
clouds
up in the sky
materializing
unusual shapes
that’s the
purpose:
to rouse
any spark of
interest
come from you,
porn star

your provocative
brightness
affects
everybody else’s
desire

so
those prude guys
with
busy hands
remained
on the ground
asking for
wings
just to reach you,
porn star

impossible
not to
stay awake
at night
while
sinners
are sleeping

terça-feira, 20 de março de 2012

Agosto

Por Denise Fernandes

                                         

                  No mês do cachorro louco

                  percebemos mais nosso amor

                  pelos animais, nossos iguais,

                  e talvez sonhamos mais.

                  Há um ninho um pelo de bicho

                  uma fotografia em que eu não lembrava

                  que estava.

                  Alguém trouxe uma garrafa de vinho

                  ao mês do desgosto sobrevivemos

                  com filosofia na varanda, alguns

                  medos novos.

                  Tanto eu não sabia que agosto me pega

                  sem preparo guarda-chuva e roupa certa.

                  Meio cachorra meio gata meio bicho

                  dentro de um extra-terrestre

                  com cara de gente, me desespero quase sempre

                  em agosto: alguém que gosto e morreu,

                  algo que me faz mais frágil do que gostaria.

                  As cartas do passado que guardo,

                  meus discos vinis,

                  o buraco negro da minha casa onde se escondem

                  os pares de meia, as colherinhas e alguns isqueiros,

                  tudo isso é agosto.

sábado, 17 de março de 2012

Mariliz

Por Flávia Marques



Maria Olívia Fernandes mora em um apartamento à beira-mar há exatos sessenta anos. Mas é bom que se diga que nem sempre fora assim.

Aos dezessete anos fugiu de casa com o primeiro namorado para nunca mais voltar. Deixava para trás um pai castrador, a madrasta perseguidora, e um bando de irmãs ainda pequeninas, já muito parecidas com a mãe para se salvarem. Não se arrependeu. É bem verdade que o namorado era um fraco e, pouco tempo depois, correu para os braços da mãe, deixando Mariliz sozinha. A solidão da menina não durou muito. Não era o tipo que chora o passado e o dia de ontem já estava longe para ela; vivia o presente com a propriedade de uma Massai, sem nunca ter ouvido falar desta tribo africana. Enamorou-se de um rapaz de sentimentos puros e caráter templário, e foram felizes durante a eternidade dos dez meses que passaram juntos, até que a curiosidade da menina estivesse satisfeita. Seis meses depois do fim deste relacionamento, Mariliz estava casada com o primeiro dos dois amores que de fato teve. Entregou-se ao marido com o desespero dos famintos, e amou pela primeira vez, achando divertidas as agonias dos apaixonados. Meses depois, o marido disse-lhe que precisava sair para comprar cigarros e ela desconfiou de que fosse uma despedida, pois o infeliz nunca na vida havia fumado. Chorou por dois dias seguidos, após os quais, levantou-se e jogou fora todas as coisas do miserável, como passou a chamá-lo. Pintou as paredes do apartamento que ele deixou e, desde então, possui o mesmo endereço.

Por um tempo, Mariliz fez passar por sua cama uma infinidade de homens dos mais variados tamanhos, pesos, cores, cheiros, manias... até que percebeu que não se vingava do ex-marido, mas de si mesma. Anos depois, ao se lembrar dessa fase da vida, dizia que poderia tê-la apagado da memória, não fosse o vazio profundo que a atormentou e marcou o período como tatuagem sobre a testa.

Quatro anos se passaram na mais completa solidão, até que Mariliz abriu-se para a segunda melhor experiência de sua vida; e, às vezes, pensa que talvez tenha sido a única.

Conheceu Aristóteles durante uma das muitas reuniões que deu em sua casa para os amigos e amigos dos amigos, artistas e pessoas medíocres, eufóricos e neurastênicos... um grupo tão divergente que era impressionante que ainda se reunissem quinze anos depois da primeira vez, só por possuírem em comum a amizade velha e folgada que Mariliz oferecia a todos, sem distinção. Adormecida sobre o sofá da sala, Maria Olívia sentiu os braços fortes e o cheiro de livros e menta que se desprendia do homem que a segurava no colo e a levava para a cama. Ainda bêbada de sono, deixou-se despir, e só acordou quando Aristóteles lhe beijava os peitos e afastava suas pernas para colocar a mão em seu sexo e prepará-la para recebê-lo. Surpresa por experimentar o prazer pela primeira vez e, com raiva dos tantos homens que teve e que não souberam dar esse arrepio em ondas que começava no centro do corpo e irradiava para as extremidades, eriçando-lhe os pelos e enfraquecendo-lhe as pernas. Amou-o por isso e muito mais, e viveram os dias mais felizes e os mais infelizes juntos. Mas o tempo, esse algoz que põe fim a tudo, afastou-os como dois estranhos, como se tudo entre eles não tivesse o valor que tem um olhar entre dois desconhecidos que se cruzam ao atravessar uma rua. E se perderam.

Mariliz, como era de se esperar, sacudiu a poeira da tristeza de sobre o corpo mais rápido do que ela mesma poderia supor: continuou a receber seus amigos e os amigos deles em seu apartamento; onde agora ouvem as músicas dos filhos dos que cantavam antigamente. Nas tardes de chuva grossa, senta-se à varanda e lê, pela milionésima vez, O Amor nos Tempos do Cólera, e sente em seu peito que nunca foi Fermina. Seu papel é o de Florentino. Olha para o mar à sua frente, e sonha com um navio bem grande, onde caibam seus amores e ela, velha e sorridente, a bailar entre eles.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Aleijado Por Dentro

Por Fabio Ramos


                                                        enquanto
                                                          houve igualdade
                                                            as canecas
                                                              de chope
                                                                brindaram
                                                                  e a fumaça
                                                                    do churrasco
                                                                      trespassou
                                                                        os muros altos

tão logo
decepou seu braço
fulano se diferenciou
dos demais

sicrano
o mais incomodado
com o fato
não descansou
até conseguir
livrar-se
de um dos
membros superiores
que possuía
  
porém contudo todavia
ele enfrentou
complicações
no pós-operatório
(uma hemorragia daquelas)
                                                                                                   
                                                                          agora sicrano
                                                                            é o único
                                                                              desbraçado
                                                                                enterrado
                                                                                  no cemitério
                                                                                    dos aleijados
                                                                                                             

terça-feira, 13 de março de 2012

Julho


Por Denise Fernandes


                                  Li várias vezes o texto do Alex
                                  sobre beijo e abraço
                                  Quanto mais li, mais indecisa fiquei
                                  Preciso de beijo e abraço
                                  Outra vez não sei escolher
                                  Gosto da piscina e do cobertor
                                  Do livro e do esplendor
                                  Da solidão e de muito amor.

                                  Julho é bom porque é comprido
                                  Expandindo os momentos talvez
                                  eu me encontre
                                  em julho ou num abraço
                                  numa lembrança ou num passo
                                  enquanto tento e faço.