domingo, 30 de novembro de 2014

Engodo

Por Oswaldo Antonio Begiato
 
 

 
Por aqui, na minha pequenina vila,
enganamos a morte assim:
Reunimo-nos no bar
todos os dias às onze horas da manhã,
ali ficamos tomando uísque
contando anedotas e rindo.
 
 
Nessa hora a morte passa caçando.
Vem com a foice afiada e os olhos esbugalhados.
Ela olha pra dentro do boteco
e quando vê a gente bebendo e rindo
pensa assim:
 
 
- Esses aí, estão rindo e bebendo,
não devem ter doença alguma.
 
 
Deixa-nos e vai embora caçar em outro mato.
 

sábado, 29 de novembro de 2014

Indiscrição

Por Meriam Lazaro
 
 
Imagem: Meriam Lazaro


Indiscretos são os poetas!
Expõem ao mundo a paixão da gente
e a dor tão minha, demais secreta.
 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Tormento

Por Mayanna Velame

 
Imagem: Ruben Monzon
 
 
Palavras saltitantes
embriagadas de amor
reluziram escritas em papéis.
 
O poeta as colheu
e podou uma a uma.
Apreciou seus frutos
e, no fim, as semeou.
 
Com a fugacidade do tempo
e das horas, o vento se tornou ferino.
 
Tempestade indomável...
As palavras se ofuscaram.
Perderam-se...
Tornaram-se pedra, entre a neblina solitária.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

As vidas e as amizades

Por Amilcar Neves*

 

Como nos velhos joguinhos eletrônicos: você inicia a rodada com determinada quantidade de vidas. A cada besteira que fizer, a cada decisão equivocada que tomar, a cada golpe fatídico que sofrer do azar, perde uma vida. E assim prossegue: até ganhar o jogo ou, aniquilado, entregar a derradeira vida que lhe restava. Então você desliga o jogo; e o reinicia para desfrutar de uma penca renovada de vidas frescas e, no fundo, imortais. Não há jogo eletrônico que leve a sério a perda de vidas a ponto de impedi-lo de jogar porque, certo dia, conforme registrado na memória indestrutível do game, você perdeu a última vida de que dispunha.
 
 
Existe uma geração quarentona que se criou sob a égide dessa mitologia.
 
 
Agora são as amizades que se contam como vidas inesgotáveis nas redes sociais. Quero ter muitos amigos, quero mostrar prestígio, quero que saibam quantos seguidores arrebanhei, quero que sintam o peso massacrante da minha popularidade – para este fim, preciso ampliar continuamente a quantidade de amigos que se conectam, não a mim, pessoalmente, mas ao perfil eletrônico, falso ou sincero, que criei para mim, segundo meu gosto e desejo.
 
 
Então, passamos a trocar curtidas, comentários e compartilhamentos. Passo a identificar minhas tribos conforme os meus gostos: música, cinema, lugares, jogos, pessoas reais próximas ou famosas, times de futebol. Aqui começa a se insinuar uma zona nebulosa: quem é fanático por um clube detesta os adversários diretos. Política, ideologia e religião vincam mais as divisões. Podemos aceitar o debate, a troca de ideias, as opiniões contrárias, os argumentos inteligentes (quando e se existem), os pontos de vista divergentes; mas nem sempre estamos dispostos a nos expor a tamanha variedade.
 
 
Então cortamos dessas nossas relações em rede, como as vidas perdidas dos jogos, aqueles "amigos" que pensam diferente e que, por consequência, nos inquietam ao abalar certezas sacramentadas, comprovadas, estabelecidas. Feito isto, retornamos apascentados ao conforto das nossas verdades. Que preservamos intatas com zelo animal.
 
 
Mané da Ilha Osório
 
 
Detectou-se movimento subterrâneo, frondosamente ramificado, que trabalha por conceder a Manoel Osório o título honorífico, e honroso ao supremo grau, de Manezinho da Ilha. Diplomado, o homenageado poderá, de direito, assinar-se Mané Osório. Os surdos rumores sobre tal proposta começam a ser percebidos por ouvidos mais apurados.
 
 
Preocupado com tal audibilidade, Manoel Osório tem disparado discretos, porém enérgicos, sinais de que não aceitará a honraria e que deseja, inclusive, que cesse de vez o incômodo burburinho em torno do assunto.
 
 
Único Osório a não retornar à casa – o Sul do Estado – conforme secular tradição Osória, Manoel Osório teme ser deserdado pelos Osórios todos, o que, financeira e existencialmente falando, seria o seu fim. Não por menos, acaba de adotar o lema do Sul para o Mundo.
 
 
Retornos
 
 
– Informa o escritor Júlio de Queiroz que a placa da Academia Catarinense de Letras, desencravada da fachada da Casa de José Boiteux, já está de volta à ACL: foi encontrada na casa de um craqueiro procurado pela Polícia. A do Instituto Histórico e Geográfico, que era de bronze, evaporou-se. Ou fundiu-se.
 
 
– Informa a Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay, que, até a manhã de 31 de julho, "mais de 1,2 mil palestinos já morreram, contra pouco menos de 60 israelenses", durante a carnifica deste mês no Oriente Médio; falta contabilizar os feridos. Mesmo com o "placar" de 20 a 1, nenhuma dessas vidas voltará à casa.

*Crônica publicada no jornal "Diário Catarinense" de 01.08.14

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Cores e Dores

Por Fabio Ramos
 
 


comeu banana
verde
e
verde
por inteiro
ficou
 

a
ideia
pra se livrar
do
verdume
?
 

um
banho
com tinta
violeta
!
 

achou
que seria
visto
mas
 

(...)
 

ninguém
notou
sua
transmutação
 

veio
mais uma
ideia
na cachola
:
 

que
tal beber
tinta
?
 

quem
sabe
um espírito
o
veja
 

(...)
 

dessa vez
foi um
litro
de
marrom
 

&
 

mesmo
assim
não
adiantou
 

(...)
 

no final
ele
aprendeu
a
lição
:
 

daqui pra
frente
minha gente
 

,
 

banana
não
 

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Aspas

Por Denise Fernandes




Tomei um café "boca de pito". Mesmo tendo parado de fumar, o tal do café ficou. Lá fora, fazia uma chuva "de molhar bobo". Também fazia um pouquinho de sol e pensei: "chuva e sol, casamento de espanhol", ou, "sol e chuva, casamento de viúva". Que preguiça, é domingo.


Tem horas que penso que todos os homens são "farinha do mesmo saco" e esse pensamento é péssimo, dá um desânimo. Tento fazer "pensamento positivo", mas começo a rir. Dá tanta ideia esquisita na minha cabeça... Na minha cabeça, o conceito de felicidade é tão simples que dá vontade de rir, e até penso que já sou feliz mesmo.

Quando comecei a ler, algo que me encantou foram as aspas. Achava que quando entendesse as aspas, iria entender muito do mundo, e assim foi. Um dia, comecei a fazer um caderno cheio de frases bonitas e pequenos textos que eu achava legais (todos copiados com aspas). Tinha orgulho do meu caderno e o carregava pela casa. Quem já teve um caderno assim, sabe a delícia que é.

Quando te encontrei, você estava de "saco cheio". Disse: Calma, "Água mole em pedra dura, tanto bate até tanto fura". Você disse "tá!", mas continuou nervoso, visivelmente irritado. Disse: "Desencana, que a vida engana". Você disse "Pau que nasce torto, morre torto". E eu não sei o que fazer.

Você me olhou com aquele olhar de "peixe morto", que eu gosto tanto. Você fica um "gato" quando me olha assim. Mesmo sabendo que "O Amor é cego", gosto tanto de te olhar, meu amor. Quando te olho, o que vejo se "O Amor é cego"? Será que vejo a mim quando penso que vejo você porque, com meus olhos cegos de amor, nunca te vejo? É o amor solidão?

Tem horas que penso que sim e torço para não ser domingo "pé de cachimbo", porque acho pior ficar triste no domingo, não sei por quê. Domingo é bom lembrar que sou feliz. Meu pai sempre dizia, "você não esquece a cabeça porque está grudada", e tem horas que esqueço mesmo coisas importantes, como quando esqueci a mala em casa e fui viajar sem uma peça de roupa. Só percebi quando cheguei no lugar que havia esquecido a mala. Mas nunca esqueço do meu pai e da minha mãe dizendo expressões, ditados e, com isso, ensinando muito. Como fiz perguntas na minha infância, eu devia agora me fazer mais perguntas, devia sacudir um pouco aquilo que está morno. "Quem espera, nunca alcança".

A gente não pode ter "o olho maior que a barriga", não dá certo. Mas quase nunca aquilo que a gente quer é pequeno, fácil e simples.

"Quem não arrisca, não petisca", por isso, arrisco escrevendo aqui. Vou "comendo pelas beiradas", para não queimar a boca – e nem a vida. "Quem ama o feio, bonito lhe parece". Nem isso eu sei, se você que acho bonito é realmente bonito ou não.

"Quem está na chuva, é para se molhar". Não quero ter medo de amar. Feio, bonito, tanto faz, sei que quero você.

"São Pedro está lavando o céu", agora a chuva é forte, tava precisando. "Nem só de pão vive o homem". Ele vive de água, bicho, aspas. O homem vive de alegria, essa estranha companheira dos dias felizes.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

DERMOGRAFISMO. ENIGMA.

Por Ana Paula Perissé
 
 
Imagem: Jung Wladimyr (Série "Enigmas", 2013)


                       há poros vermelhos
                       em ritmos errantes
                       acaso´cadente
                       de algumasnotas
                       dissonantes.



                       tela que arde
                       inteira
                       por fulgor incontido,
                       são labirínticas
                       as células em colisão.



                       há irritação rubra
                       de pele
                       e de alma
                       quando em suspensão,
                       solidão
                       em desvios
                       orgânicos.



                       multitoques´derrramam´tinta
                       suavefriccção



                       pele que coça
                       ardência da tela
                       derme queimando
                       Irritação.



                       Como se não houvesse remédios,
                                                                      remediar só 1'alma.



                       querer esfriá-la
                       (suave é a noite
                       azul)
                       .
                       .
                       o sorriso desértico dUMA flor.
                       nunca



                       pois há que se perder
                       nas calmarias distantes
                       de 1'ou várias mudanças
                       efígie.



                       (as geleiras se desfazem
                       e inundam os trópicos.

                       .
                       porque 1' lance de pele/de cor
                       jamais abolirá o acaso
                       .
                       .
                       .enigma,

 

domingo, 23 de novembro de 2014

sábado, 22 de novembro de 2014

Eu, poeta?

Por Meriam Lazaro
 
 
 


Poetas são as flores,
Que com suas setas de cores vibrantes
Dardejam por aí poemas perfumosos!
De pétalas mimosas são as rimas da vida.
Hão de ser lidas, trocando-se o Éden por beijos flutuantes.
 


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A visita

Por Mayanna Velame

 


Quando fores me visitar,
não sejas breve nem momentâneo.
Tenhas em mãos um saco
de vida e um ardente coração.
 

Quando fores me visitar,
não sejas lacônico.
Mostre-me o mundo
com suas dores e guerras.
 

Quando fores me visitar
não sejas na medida.
Seja o todo, o inteiro,
o eterno, o infinito.
 

Quando fores embora...
Deixe-me sua ausência...
Deixe-me seu frescor...
Deixe-me sua loucura.
 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O povo, esse idiota

Por Amilcar Neves* 

 

Sem generalizações, por favor. São visões possíveis por parte de profissionais que vivam mergulhados nos afazeres de suas carreiras, sem conseguir enxergar em volta, fora delas, um horizonte mais amplo. Muitas vezes eles nem mesmo querem saber do que se passa além dos limites do seu "núcleo de conforto". Ainda assim, constroem, geralmente inabalável a despeito de eventuais evidências em contrário, a sua sólida imagem do mundo. E dela não abrem mão, não arredam pé, até mesmo porque seria extremamente caro e doloroso construir um novo modelo.
 
 
Advogados veem o povo operando sempre fora da lei; se não os seus clientes, os oponentes deles.
 
 
Tecnólogos de informação e vendedores de celular enxergam seus clientes e usuários, ou seja, o povo, como portadores de burrice incurável: tudo têm que perguntar, nada aprendem jamais.
 
 
Médicos têm nítida consciência de que o povo todo é doente e que não há remédio de última geração que dê conta de tanta falta de saúde.
 
 
Juízes criminais cansam-se de acompanhar pelos autos o dilúvio de sangue que o povo derrama: dos outros pobres mas também de ricos e gente da classe média.
 
 
Enfermeiros de hospitais psiquiátricos juram que o povo é feito quase que exclusivamente de loucos varridos, de débeis mentais diplomados.
 
 
Professores atestam quanto o povo, ignorante a mais não poder, ainda precisa aprender.
 
 
A classe média, apavorada com o clima geral de insegurança, espia o povo que passa na sua rua: cada pessoa desconhecida é um trombadinha, cada vulto, um meliante cruel.
 
 
Pastores e bispos neoevangélicos gozam com a credulidade e ingenuidade do povo, que verte rios de dinheiro para reservar uma cadeira numerada no Paraíso.
 
 
Por isso fica fácil chamar o povo de idiota, dizer que não sabe nem votar. Aos que assim lamentam a "sorte madrasta - embora merecida" desse pobre povo, cabe perguntar quem serão os iluminados que deveriam decidir tudo em nome desse bicho ignorante de 200 milhões de cabeças.
 
 
Teste de posicionamento
 
 
Tente levar a cabo uma experiência interessante: junte um grupo que o escute - em sala de aula, numa palestra, numa reunião - e conte um caso polêmico. Crimes de estupro, por exemplo, são apropriados para o experimento. Todo mundo sabe o que é um estupro e tem julgamento mais ou menos definido sobre esse tipo de violação.
 
 
Conte as circunstâncias do caso, descreva os detalhes que levaram ao desenlace: roupas usadas, palavras ditas, tons de voz, maquiagens, ambientes, histórico dos envolvidos, níveis de álcool ou drogas consumidos, manias e fixações dos personagens, tudo que poderia contribuir para o desfecho. Mas narre tudo objetivamente, sem emitir opiniões nem empregar palavras que induzam a audiência a qualquer conclusão.
 
 
No final, parte das pessoas ficará esperando o comando para aplaudir, vaiar ou ofender com palavras de baixo calão a vítima do estupro.
 
 
As placas de bronze
 
 
Em algum momento antes do início da tarde de sábado, duas ou mais pessoas passaram em frente à Casa de José Boiteux, bem no Centro da Capital, em plena Avenida Hercílio Luz, estacionaram o veículo necessário para remover os despojos que resultariam da operação, retiraram as ferramentas apropriadas ao ato que planejaram executar, colocaram-se a postos da melhor maneira possível para bem realizar o trabalho a que se propunham, arrancaram os pinos de chumbamento, removeram o material de cimentação que reforçava a fixação delas às paredes frontais do exuberante casarão e levaram consigo, sem serem importunados em momento algum da tarefa, duas placas de bronze. Não parece obra de craqueiro.
 
 
Uma das placas indicava que ali funciona a Academia Catarinense de Letras; a outra, do outro lado da magnífica porta, anunciava a sede do Instituto Histórico e Geográfico de SC.

*Crônica publicada no jornal "Diário Catarinense" de 30.07.14

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Porto Seguro

Por Fabio Ramos
 
 


dia
e noite
a
desejar
 

o
beijo
de língua
 

o enlace
de
corpos
 

regozijo
em
sincronia
 

os lábios
de
cereja

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Dias

Por Denise Fernandes


 
 
Segunda-feira é dia da Lua. Dia de arrumar a casa, de sonhar sonhos que um dia se realizam, de olhar para a alma. Na segunda tem mais emoção que nos outros dias. Na segunda podemos odiar com liberdade o próprio dia. A camiseta que tinha o Garfield estampado na frente com os dizeres: "Odeio as segundas-feiras!" fazia sucesso há anos atrás.

Segunda é dia de cuidar da família, das raízes, do solo amado, do que chamamos de lar.

Terça é dia de Marte. Dia de lutar, de se ter mais coragem, de sermos mais sinceros. Segundo o tarô, é a luta que rompe o carma, as leis do destino: através da ação, mudamos as leis que regem nossas vidas. Lembro-me da frase de Cacilda Becker: "Minha verdade é lutar sempre." Se você não quer brigar, evite ações agressivas na terça-feira.

Quarta-feira é dia de Mercúrio. Dia que traz mais facilidade para negociar, para comunicar, para pensar, para educar, para contar histórias. É um bom dia para estudar, é um dia que nos sentimos mais leves através do nosso próprio pensamento.

Quinta-feira é dia bom para organização, para reuniões, para fazer planos e projetos. É bom também para estudar, para o contato com professores e estrangeiros. Quinta é dia de Júpiter, o coordenador geral do Olimpo, e com isso a quinta-feira é o dia mais propício para tudo aquilo que é grande ou grandioso; é bom para os assuntos filosóficos, religiosos e políticos.

Sexta-feira é dia de Vênus, a deusa do Amor. E, com isso, sexta é um dia especialmente favorável para os encontros afetivos. É um dia bom para os acordos, para fazer as pazes. É o dia que os amantes têm mais chances de se entenderem. Sexta-feira é o dia mais favorável para as artes, principalmente a dança e as artes plásticas. Sexta-feira é o dia mais indicado para que a gente faça as pazes com o espelho, ajeitando aqui, acalmando-se um pouco com a aparência que se tem. Sexta-feira é um dia muito bom para a gente perceber como é bom gostar de si mesmo, como respondemos melhor quando somos tratados com gentileza.

Sábado é dia de Saturno. Dia de parar. Dia de nos sentirmos mais pesados, cansados e velhos. No sábado, o tempo pesa mais nos ossos, na pele, no que pensávamos que era certo e que era certeza. No sábado, temos a certeza de nossa finitudes e de como é preciosa essa passagem por aqui. No sábado, nos lembramos dos desertos da Terra e os da vida. No sábado, a ferida dói mais, e doem também as cicatrizes no sábado, tanto as visíveis como as invisíveis. No sábado, nos encontramos com nossas sombras e com as dos outros.

E Domingo nos deparamos com nossa Luz e com a dos outros. Domingo é o dia do teatro, o dia da semana em que somos mais criativos e dia em que somos mais nós mesmos. Refletindo no mar, na Lua, o Sol também rege o Domingo e a consciência que temos de que somos eternos, imagem e semelhança do Criador (e também criadores), presentes nos filhos e naquilo que criamos. Somos brilho, energia pura e centrada, Coração. Domingo é o dia em que o Coração mais nos toma, em que sentimos como Maiakovski, “comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração."

Domingo nascemos, reencarnamos de novo para uma nova semana, e nosso anjo da Guarda bate bem suas asas no Domingo. Porque segunda nos esquecemos do que viemos fazer aqui. Toda segunda deletamos a senha, o código secreto que abriria as portas que queremos. É na segunda que vem uma vontade de chorar sem motivo, que empurramos para a terça e, na terça, vira vontade de gritar, mas não gritamos. Na quarta, o grito vira uma frase que lembramos ainda na quinta. Na sexta, a frase cola no livro. Toda semana escrevemos um pouco no livro da Vida.