sexta-feira, 31 de maio de 2019

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Todas as vezes que

Por Nana Yamada




Todas as vezes que estou assim
Todas as vezes que me encontro assim
Você é o único que me atura
É o único que percebe
É o único que compreende
É o único a opinar
É o único a torcer
É o único que está aqui
Nessas horas
Como naquelas outras horas
Sempre me dando essa liberdade
De ser quem sou
Do bem que me faz
Todas as vezes
Como da primeira vez
Como todos os dias…

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Dick modo

Por Fabio Ramos




uma noite


sem
sono


(por tudo aquilo)


que
não


pode ser


(...)


Dick
jeito


vai contornar?


Dick
forma


isso termina?


(...)


uma
luta


que
não
vale


(vossa peleja)


com
tudo


posto à mesa:


ela
virá


mas
não
será


como sonhaste


(...)


foi


uma visita


pois
ela
não


veio para ficar

terça-feira, 28 de maio de 2019

Áries

Por Denise Fernandes




A pressa que sentimos, sem entender o porquê. A força do espírito que luta contra os limites do tempo e prossegue lutando, mesmo sem a certeza da vitória.

A coragem que nos domina, sem que tenhamos domínio algum sobre ela. O fogo transformador, que derrete os metais, e transforma a matéria. O sangue correndo em nossas veias, seu fluxo de energia pulsante e delicada, envolvendo todo nosso corpo.

A urgência dos impulsos. A cólera. A raiva pequena dos minúsculos obstáculos. A individualidade como uma realidade. Sinto meu corpo, e ele me dita normas e desejos que só eu sei.

A sinceridade como força do caráter, mas, também, além da escolha, num corpo que transparece, numa fala espontânea. O passo inicial, aquele passe mágico que nos permite alterar o destino, ou realizá-lo.

A agressividade, a atitude de se impor, a competição. Preciso ser melhor que o outro, melhor que eu mesma. A vontade de correr e a corrida. O "sim". A garra. A luta sem fim. A batalha que nos revela.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

correspondências

Por Ana Paula Perissé




                                            céu
                                            de estrelas
                                            cheiro
                                            de mar


                                            ( chão de tudo)


                                            céu da boca
                                            céu do mar de estrelas


                                            cheiro de céu marinho
                                            cheiro de boca salgada


                                            o vivido
                                            o sentido
                                            desejado muito


                                            no céu, no mar, na boca
                                            estrelados...


                                            ( céu de tudo)


                                            Correspondências.

domingo, 26 de maio de 2019

Santidade

Por Oswaldo Antônio Begiato




Quando as palavras
não me alcançam
o silêncio me asila
com sua profundidade inimaginável.


Dentro do silêncio
encontro caminhos
que não palmilho com pés calçados,
mas com desadornos;
eles me levam à sabedoria.


É um silêncio santo.
Santo silêncio que me faz ajoelhar!

sábado, 25 de maio de 2019

Trilhos

Por Meriam Lazaro




Sobre o trilho, que vai e vem,
caldeira, memória vencida...
Maquinista dá o solavanco
d’aurora da m’a vida.
Hu... hu... hu... apita o trem!
Desperta casas e beirais,
sobe fumaça em círculos,
choram Marias e sobrais.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Sem percebermos

Por Nana Yamada




Todas as noites
Me sinto mais próxima de você
A cada dia
Você faz parte do meu dia
Todas as manhãs penso na noite anterior
Das nossas conversas casuais
De algo que alimentamos
Sem saber exatamente o quê
Sinto-me tão livre
A teu lado
E, ao mesmo tempo, encontro-me
Tão presa nos seus braços
Que não consigo sentir
Tudo tão distante
Mesmo estando em mim
Você faz parte daquilo
Que estou a viver
Daquilo que brotou
Sem percebermos…

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Banho bom

Por Fabio Ramos




entrou
em


GREVE


de
banho


por
tempo
indeterminado


(...)


não
quis


ver sabonete


na
sua
frente


(e nem perfume)


um
anti
caspa


ou desodorante


(...)


entrou
na


guerra


se
coçando


e
aos
poucos


SEGUIU PIORANDO


(...)


é
para
enfrentar


(a indústria da higiene)


que
deixa


todo mundo limpo


e
ainda
fatura zilhões


(...)


"QUE
ABSURDO!


VAMU
PESSOAL:


É A SUJEIRA CONTRA O CAPITAL!"


(...)


os
camaradas
na
plateia


entraram em votação


e
deram
cabo da resolução:


(segura)


o
tchan


(amarra o tchan)


no
paredão
do


LAVA RÁPIDO


e
aí é
tchan tchan tchan tchan tchan
no encardido

terça-feira, 21 de maio de 2019

Sonhos e pesadelos

Por Denise Fernandes




É incrível que uma parte da humanidade nunca lembre de seus sonhos dormindo. Eles não precisam lidar com essa outra realidade que os sonhos nos trazem.

Sempre sonhei muito, desde criança. Lembro-me de ter sonhos bons  e pesadelos também. Lembro de, na minha infância, ficar preocupada que meus pais soubessem o que eu sonhava dormindo.

A consciência de quem lembra de sonhos e pesadelos é atormentada com essa gama de sentimentos e pensamentos vividos enquanto dormem. Meus filhos também se lembram de sonhos e pesadelos. Entre nós, temos diálogos sobre sonhos e pesadelos vividos.

Lembro como achávamos divertido ver nossa cachorra "sonhando". Tentávamos adivinhar o que ela sonhava quando chorava dormindo.

Meus pesadelos e sonhos já me perturbaram muito. Quando entrei no curso de Psicologia, achei que encontraria respostas para o mundo dos sonhos. Foi desapontador perceber que tanto o curso de Psicologia, como o trabalho psicanalítico, não oferecem respostas suficientes para todas as perguntas que o mundo dos sonhos traz.

Embora Freud e Jung tenham visões diferentes sobre os sonhos, os dois parecem ter razão. Freud vê o sonho como realização do desejo. Jung o percebe como um mecanismo de equilíbrio psíquico para o sonhador.

Algumas metáforas que os sonhos produzem nos deixam perplexos. Há um tempo sonhei que o mar estava fervendo. Minha angústia, diante da força desse mar fervendo, recordo até hoje. Como interpretar? As interpretações psicológicas parecem reduzir o sonho, simplificando (ou traduzindo) aquilo que não tem tradução.

Li recentemente mais um livro a respeito. É uma obra que aborda a tentativa de induzir sonhos. Mesmo que isso seja possível, fica claro que não temos controle remoto para essa outra realidade.

O livro comenta que os sonhos dormindo são um local onde podemos encontrar pessoas que já morreram, sem sentir medo. Sinto-me consolada tendo sonhos com meu pai que faleceu há pouco tempo, e também com meu irmão. É uma sensação de encontro mesmo, de matar a saudade.

Deve ser difícil para quem não lembra de seus sonhos dormindo entender o que se passa com quem tem essa experiência. Por mais que se explique um sonho, fica faltando sua essência, sua magia, sua espiritualidade.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

poça

Por Ana Paula Perissé




                                                    1´poça
                                                    rubra


                                                    (imensa)


                                                    jorra.


                                                    fosforeça-me,
                                                    sempre
                                                    te peço.


                                                    apenas
                                                    dolce-me.

sábado, 18 de maio de 2019

Devassa

Por Meriam Lazaro




Naquela tarde na cidade veio a devassa.
Naquele porto em alvoroço
Trilhos, passos, trens, navios...
Era tanto passa passa.


Daquela menina, cheia de graça,
O rosto formoso sem nenhum esforço,
Vento cego jogou no rio.
Era hora do peixe, almoço da garça.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Amor meu

Por Nana Yamada




Amor meu, não tarda em chegar
Dizem que o ano acabou de começar
Mas já são tantos dias de solidão
Sinto o peso dos dias que vão se passando
E não sinto sua presença
Por onde anda?
Por qual caminho vem seguindo?
Por que os nossos caminhos não se cruzam?
Será que ando tão confusa? Tão desorientada?


Amor meu, não se atrase
Por anos e anos venho esperando
A sua morada em mim
Que finalmente
Possa ser
A resposta de tudo que procuro
Venha sem medo
Pois estou aqui
Como eu sempre estive
Somente à espera
Desse dia então…


Amor meu, mesmo que eu desconheça
Todo esse sentimento que quero viver
Nunca deixei de acreditar
Que Deus está no comando
De cada segundo que se passa
E de cada detalhe que venha acontecer
A nossa história sempre existiu
Mesmo antes de ter acontecido
Porque o nosso amor
Já foi abençoado

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Sol entre nuvens

Por Fabio Ramos




o
sol


não deu


as
caras


por enquanto


(...)


o
que
vemos


de
luz


são feixes:


no
AR


no mar


e
na
tua janela


(...)


as
estações


M
U
D
A
M


(...)


de roupa


e
de
bairro


(mudam os mudos)


que
não
vão


congelar tão
cedo


(...)


debaixo


do
teu


(lençol)


e
acima


DESSE COLCHÃO


nada
muda
mesmo

terça-feira, 14 de maio de 2019

Ao escolher emprego, não siga sua paixão

Por Maurício Perez



Há um livro que ainda não chegou no Brasil intitulado "So good they can’t ignore you", de Cal Newport.  Os livros de auto-ajuda padecem de três defeitos graves: reescrevem o passado para bater com sua teoria, vendem soluções fáceis, vendem uma técnica que irá resolver tudo. Não é o caso deste livro e por isso vale a pena falar um pouco dele.


Por que algumas pessoas amam o que fazem e outras não? Uma razão possível é que as últimas caíram na armadilha da paixão. Querem fazer algo que gostam e como o gosto é volúvel e tendemos a nos enjoar do que provamos em excesso, rapidamente caem na frustração. Mudam várias vezes de faculdade, de emprego, de ocupação a procura de algo que as encante.


É preciso primeiro ser bom naquilo que se faz antes de tirar algum gosto do trabalho. Adquirir expertise exige esforço, constância, estudo, relevar estados de ânimo, enfrentar dificuldades, restrições. Pouco a pouco, chega-se a dominar o assunto. Percebe-se a eficácia e os frutos do que fazemos, do serviço que prestamos aos demais e a sociedade. A cozinheira precisa praticar muito para saborear o triunfo da arte culinária. O piloto de excel também.


Claro que se tornar um expert não traz em si a felicidade. Basta pensar nos workaholics. Mas, certamente que um trabalho feliz não reside na paixão. O problema é que nos convenceram desde a mais tenra idade que sentir é tudo. Além disso, as últimas gerações foram criadas com mimos, muitas opções de estudo e carreira e uma expectativa muito alta do mundo do trabalho. Foram inculcadas a pensar que são indivíduos com talentos especiais e que encontrarão um trabalho desafiador e excitante. Foram doutrinadas a pensar que o trabalho  a própria vida  deve ser uma aventura, um espaço para a expressar a identidade e ser reconhecido.  Não é bem assim.


Perguntaram a milhares de universitários canadenses quais eram suas paixões. O resultado da pesquisa apontou as cinco maiores paixões: dançar, hockey no gelo, esquiar, ler e nadar. De fato, essas paixões não tem muito a ver com o mundo do trabalho (com exceção da leitura). E eles pensam que lá fora há um certo emprego para o qual foram feitos, um emprego que encaixa perfeito com seu jeito de ser.  Resultado: há trinta anos o índice de satisfação com o emprego nos EUA vem decaindo. Apenas 45% dos americanos estão satisfeitos com seu emprego atual.


Quando você fica pensando no que o emprego oferece, maior a chance de reparar nos aspectos que não agradam, o que leva a um estado de insatisfação crônica. Isso é especialmente verdadeiro no início da vida profissional, onde as tarefas diárias tendem a ser monótonas e não há bons hábitos consolidados.


Seria melhor inculcar nas pessoas a mentalidade do artesão. Faz seu trabalho um dia e outro; aos poucos aprende e adquire maestria. A paixão se desprende então como fruto maduro. Não comece pela paixão. Termine por ela.

É autor do blog Correio Chegou.