terça-feira, 21 de maio de 2019

Sonhos e pesadelos

Por Denise Fernandes




É incrível que uma parte da humanidade nunca lembre de seus sonhos dormindo. Eles não precisam lidar com essa outra realidade que os sonhos nos trazem.

Sempre sonhei muito, desde criança. Lembro-me de ter sonhos bons  e pesadelos também. Lembro de, na minha infância, ficar preocupada que meus pais soubessem o que eu sonhava dormindo.

A consciência de quem lembra de sonhos e pesadelos é atormentada com essa gama de sentimentos e pensamentos vividos enquanto dormem. Meus filhos também se lembram de sonhos e pesadelos. Entre nós, temos diálogos sobre sonhos e pesadelos vividos.

Lembro como achávamos divertido ver nossa cachorra "sonhando". Tentávamos adivinhar o que ela sonhava quando chorava dormindo.

Meus pesadelos e sonhos já me perturbaram muito. Quando entrei no curso de Psicologia, achei que encontraria respostas para o mundo dos sonhos. Foi desapontador perceber que tanto o curso de Psicologia, como o trabalho psicanalítico, não oferecem respostas suficientes para todas as perguntas que o mundo dos sonhos traz.

Embora Freud e Jung tenham visões diferentes sobre os sonhos, os dois parecem ter razão. Freud vê o sonho como realização do desejo. Jung o percebe como um mecanismo de equilíbrio psíquico para o sonhador.

Algumas metáforas que os sonhos produzem nos deixam perplexos. Há um tempo sonhei que o mar estava fervendo. Minha angústia, diante da força desse mar fervendo, recordo até hoje. Como interpretar? As interpretações psicológicas parecem reduzir o sonho, simplificando (ou traduzindo) aquilo que não tem tradução.

Li recentemente mais um livro a respeito. É uma obra que aborda a tentativa de induzir sonhos. Mesmo que isso seja possível, fica claro que não temos controle remoto para essa outra realidade.

O livro comenta que os sonhos dormindo são um local onde podemos encontrar pessoas que já morreram, sem sentir medo. Sinto-me consolada tendo sonhos com meu pai que faleceu há pouco tempo, e também com meu irmão. É uma sensação de encontro mesmo, de matar a saudade.

Deve ser difícil para quem não lembra de seus sonhos dormindo entender o que se passa com quem tem essa experiência. Por mais que se explique um sonho, fica faltando sua essência, sua magia, sua espiritualidade.

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