sábado, 11 de maio de 2019

Escrito a carvão

Por Meriam Lazaro




Quem será essa mulher,
a carvão em meu espelho?
Já não tem os vinte anos
de amor leve e passageiro,
sua face mais elástica
tem a idade do gelo.
Sem papel para a poesia,
divide a moeda ao meio.
Numa face é só Maria,
na outra é mundo inteiro
soluçando na paisagem
hoje em total desmazelo.
Mostra apenas o rascunho
do retrato na gaveta,
quer passar o sonho a limpo,
em nuvem de rósea ninfeta,
para alcançar o céu da boca
antes que a vida anoiteça.

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