terça-feira, 31 de julho de 2018
segunda-feira, 30 de julho de 2018
sibilante
Por Ana Paula Perissé
tal como 1´pressão
aleatória
em templos cavernosos
pulsa um cheiro inquieto
de dores
perdidas
encontros
donde jorram guerras
incontidas
ou frases lanhidas
embevecidas
pela efêmera
P
A
Z
de corpos suplicantes
ardorosos ao léu
( veias dilatadas por tanto amor
s-i-b-i-l-a-n-t-e)
sem termos mais
vastoterritório
pra`fagulha
que só faz crescer
A
R
D
O
R
aéria-quase-benditasafada
mas que de tão
calada
soma
( incêndios improváveis
n-o-s-s-o-s
de cada agonia em 4 estações)
aleatória
em templos cavernosos
pulsa um cheiro inquieto
de dores
perdidas
encontros
donde jorram guerras
incontidas
ou frases lanhidas
embevecidas
pela efêmera
P
A
Z
de corpos suplicantes
ardorosos ao léu
( veias dilatadas por tanto amor
s-i-b-i-l-a-n-t-e)
sem termos mais
vastoterritório
pra`fagulha
que só faz crescer
A
R
D
O
R
aéria-quase-benditasafada
mas que de tão
calada
soma
( incêndios improváveis
n-o-s-s-o-s
de cada agonia em 4 estações)
domingo, 29 de julho de 2018
Afobamento
Por Oswaldo Antônio Begiato
Não fosse eu tão afobado
a rosa ainda estaria no jardim
e tu serias minha namorada.
Vi-te, naquele dia azul, na janela
e te amei sem perda de tempo;
amei teus cabelos sujos,
teus trejeitos tímidos
e amei até mesmo teu pijama velho.
E não resistindo a teu sorriso
colhi a rosa e perdi a namorada.
sábado, 28 de julho de 2018
Inominado
Por Meriam Lazaro
Quis fazer um verso augusto,
desses que nos elevam
acima das cercas, das nuvens, do medo...
Quis viver um amor sem susto,
desses que se revelam
sem nome, sem paz e em segredo!
desses que nos elevam
acima das cercas, das nuvens, do medo...
Quis viver um amor sem susto,
desses que se revelam
sem nome, sem paz e em segredo!
sexta-feira, 27 de julho de 2018
quinta-feira, 26 de julho de 2018
Outra vez
Por Nana Yamada
Outra vez
Me perco nessa estrada
Que me leva até você.
Demorei tanto tempo
Para achar uma saída,
Mas olha aonde me encontro:
Novamente no seu mundo.
Me perco nessa estrada
Que me leva até você.
Demorei tanto tempo
Para achar uma saída,
Mas olha aonde me encontro:
Novamente no seu mundo.
quarta-feira, 25 de julho de 2018
Eternidade no rascunho
Por Fabio Ramos
viver
no
rebento
(pelo sangue)
(...)
viver
nas
obras
por
Emanuel
(...)
viver
de
láureas?
não
senhor
(...)
viver
em
um
poema
exige beleza
terça-feira, 24 de julho de 2018
segunda-feira, 23 de julho de 2018
corcundinha sacana
Por Ana Paula Perissé
corcundinha sacana
a cada olhar
a cada palmo
a cada dor
arremedo arrepiado
de nós desfeitos
pelo sonho do futuro
e a cada sonho
a cada respiro
a cada pó
que não se fez
desmoronam-se símbolos
zipados em caixas pretas
longínquas
tão afogados
quanto
o voo nosso de cada dia
e pulsa no horizonte rosáceo
à espera do enigma
um doce segredo
chancelado em pele nova
( existe um
corcundinha sacana
a manusear
cada
relógio humano)
a cada olhar
a cada palmo
a cada dor
arremedo arrepiado
de nós desfeitos
pelo sonho do futuro
e a cada sonho
a cada respiro
a cada pó
que não se fez
desmoronam-se símbolos
zipados em caixas pretas
longínquas
tão afogados
quanto
o voo nosso de cada dia
e pulsa no horizonte rosáceo
à espera do enigma
um doce segredo
chancelado em pele nova
( existe um
corcundinha sacana
a manusear
cada
relógio humano)
domingo, 22 de julho de 2018
sábado, 21 de julho de 2018
Metade
Por Meriam Lazaro
Naquela idade, inda na metade,
Ela saberia que não tocaria mais piano!
Breve é a sonata do vento de outono.
Saltitam as folhas se fingindo novas...
Fuga na calçada, uma trás da outra.
Pura nostalgia de futuros ais...
Pois quem beija a morte teme o próprio sono!
Sob o flamboyant vermelho abandono.
Ela saberia que não tocaria mais piano!
Breve é a sonata do vento de outono.
Saltitam as folhas se fingindo novas...
Fuga na calçada, uma trás da outra.
Pura nostalgia de futuros ais...
Pois quem beija a morte teme o próprio sono!
Sob o flamboyant vermelho abandono.
sexta-feira, 20 de julho de 2018
quinta-feira, 19 de julho de 2018
Não
Por Nana Yamada
Não olhe pra trás
Não é lá que estamos
Não foi lá que paramos
Não é lá que vamos
Não desacredite de nós
Não desista dos nossos sonhos
Não seja aquilo que não é
Não deixe que nada disso acabe
Não permita que eu te esqueça
Não deixe que o tempo nos apague
Não há mais tempo
Não há outra vez
Não mais sem você...
Não é lá que estamos
Não foi lá que paramos
Não é lá que vamos
Não desacredite de nós
Não desista dos nossos sonhos
Não seja aquilo que não é
Não deixe que nada disso acabe
Não permita que eu te esqueça
Não deixe que o tempo nos apague
Não há mais tempo
Não há outra vez
Não mais sem você...
quarta-feira, 18 de julho de 2018
Radiografia
Por Fabio Ramos
haja
tralha
acumulada
nos
cantos
nas sombras
da
alma
(...)
é
um tipo
de
sujeira
que
nem
alvejante limpa
(...)
encarde
suas
entranhas
contamina o ambiente
e intoxica
aos
seguidores
(...)
a faxina
em
si
(requer)
algo
mais:
V
O
C
Ê
escorado
pela
(vaidade)
assume teus pecados?
abandona
tua
pose?
(...)
os borrões continuarão
exatamente
iguais
para quem
não
quer
mudar nada
terça-feira, 17 de julho de 2018
Crônica da cidade
Por Denise Fernandes
Na cidade poluída, respiro as pessoas. Finalmente, o tempo que eu pensava possuir se rebelou em cavalgada. O que tenho são objetos com histórias, memórias com sentimentos, sonhos feitos de aço.
Só agora que envelheci, o sexo é harmonia, lua nova no céu. Antes foi desejo, tensão, procura, encontro.
A metamorfose que me fascinava na infância agora me faz casulo, sorriso e abraço. Sem pressa. O destino é como essa mesa de madeira bem sólida, e as sombras que o sol desenha na parede.
Queria ser forte, mas sou intenção e vertigem, alucinação e corpo pulsante. Sou espera. Navego num mar de dúvidas, onde não há tubarões, só uma baleia com sua família.
No teu pensamento, travo uma batalha infinita onde, me lendo, você me tece. Tem um anjo novo morando ao meu lado, e um pernilongo antigo que gosta do meu quarto. A cidade cresce como pensamento, seus rios contidos choram enquanto a noite cai.
Os técnicos em saúde me dizem que uma mulher morreu de raiva aqui perto. Não foi de ódio. Foi a doença raiva, que invadiu seu ser. O ódio, que não mata, envenena a cidade de saudades.
Tenho vontade de fazer uma fogueira. Dizem que é proibido, mas o que se pode fazer com as vontades, essas bactérias inocentes do poder?
A cidade só tem beleza nos detalhes. No seu todo, é inerte, fim de toda procura, espaço mudo. Você procura um espelho? Fuja da cidade.
A cidade quer abraçar o mundo. Mas o mundo é muito longe. A alvenaria da cidade só invade a terra, essa mãe seca e generosa. E a terra abraça a cidade, humilde projeto na manhã fria.
segunda-feira, 16 de julho de 2018
comércio
Por Ana Paula Perissé
estou a vender
enigmas
(arde um fósforo)
sussurrados de vento
para apagar
o pôr-do-sol
de perdas
incontáveis.
vendo mistérios
rubros arcanos
ou mesmo
peças avulsas
de encantamentos
recheios de fios
solitários
que nos une
ao tempo
da vida bacante.
enigmas
(arde um fósforo)
sussurrados de vento
para apagar
o pôr-do-sol
de perdas
incontáveis.
vendo mistérios
rubros arcanos
ou mesmo
peças avulsas
de encantamentos
recheios de fios
solitários
que nos une
ao tempo
da vida bacante.
domingo, 15 de julho de 2018
Maria Rita
Por Oswaldo Antônio Begiato
E lá no começo da alegria,
Dengosa, aparecia Maria:
– A Rita que se ria toda e se ia
Do começo da poesia
Até o fim da ousadia
Quando amanhecia,
Quando era meio dia,
Quando entardecia.
Só não se ria toda Maria,
– A Rita de todas as horas do dia –
Quando anoitecia.
Quando inesperada, anoitecia,
De mãos níveas e dadas
Com a solidão que queria
Maria se transformava
Em borboleta frágil e vivia,
O voo cego da rebeldia,
No colo quente onde ardia
A solidão que lhe queria.
Era feita de casas, de asas
De brasas, de lágrimas rasas.
A solidão a embalava com destinos:
– Parecia Maria, a outra, sem desatinos,
Embalando, com maternidade, o Menino
Na manjedoura dos desencontros.
Era tudo o que de bom se via.
Era o sabor agridoce da vida.
Era Maria, a Rita da poesia.
Era a poesia, de Maria Rita.
sábado, 14 de julho de 2018
Palavra de honra
Por Meriam Lazaro
Eu como palavras
Na sopa, na escola,
Jogo os nove fora,
Não quero contar.
Mas se a professora
Do mundo doutora,
Quiser me ensinar
Eu fico na fila
De manhã à tarde
Pelo bê-á-bá.
Na minha escola
Quem aprende ensina,
Faz verso, faz rima,
Logo vai embora...
Pra não reprovar
Eu como até mosca,
Quando aberta a boca,
Só pra merendar.
Peço coca-cola,
Q-suco já era,
Mesmo o guaraná...
Só não colo em prova,
Que o colo que eu quero,
Eu vou ser sincero,
É pra aconchegar.
Você amiguinho,
Tão triste e franzino,
Não quer começar?
Quem aprende as letras
Até ao capeta
Pode dominar!
Não importa a idade,
A escolaridade,
O estado civil...
Palavra de honra:
Saber jamais cansa!
Cansa a ignorância
Que cega e domina
Faz povo servil.
Eu digo a você
Que ler e escrever
Traz dignidade,
Novo mundo abre,
Nova chama arde,
Qual farol gentil...
Na sopa, na escola,
Jogo os nove fora,
Não quero contar.
Mas se a professora
Do mundo doutora,
Quiser me ensinar
Eu fico na fila
De manhã à tarde
Pelo bê-á-bá.
Na minha escola
Quem aprende ensina,
Faz verso, faz rima,
Logo vai embora...
Pra não reprovar
Eu como até mosca,
Quando aberta a boca,
Só pra merendar.
Peço coca-cola,
Q-suco já era,
Mesmo o guaraná...
Só não colo em prova,
Que o colo que eu quero,
Eu vou ser sincero,
É pra aconchegar.
Você amiguinho,
Tão triste e franzino,
Não quer começar?
Quem aprende as letras
Até ao capeta
Pode dominar!
Não importa a idade,
A escolaridade,
O estado civil...
Palavra de honra:
Saber jamais cansa!
Cansa a ignorância
Que cega e domina
Faz povo servil.
Eu digo a você
Que ler e escrever
Traz dignidade,
Novo mundo abre,
Nova chama arde,
Qual farol gentil...
sexta-feira, 13 de julho de 2018
Visita
Por Mayanna Velame
É anúncio
de visita quando
encontro
teus sapatos recolhidos,
sob o batente da
varanda.
quinta-feira, 12 de julho de 2018
Do meu mundo
Por Nana Yamada
Sempre me lembro
Da maneira que
Me apaixonei por você
Da maneira que
Eu perdi
Total controle
De mim mesma
Foi a coisa mais bela
História mais vivida
Sentimento mais tenso
Olhar mais sincero
Toque mais suave
Voz mais mansa
A maior loucura
Da minha vida
Do meu amor
Do meu ser
Do meu mundo...
Da maneira que
Me apaixonei por você
Da maneira que
Eu perdi
Total controle
De mim mesma
Foi a coisa mais bela
História mais vivida
Sentimento mais tenso
Olhar mais sincero
Toque mais suave
Voz mais mansa
A maior loucura
Da minha vida
Do meu amor
Do meu ser
Do meu mundo...
quarta-feira, 11 de julho de 2018
Invalidez
Por Fabio Ramos
há
uma
rachadura
no copo
se
bater
outra vez
(goodbye café)
adeus
vidro
(...)
ao dividir
em
cacos
juntá-los
é
um
desafio
E QUANDO
cola
vira
Frankenstein
(...)
tempo
de
serviço
já
garante
(aposentaria)
caso
a viúva
endosse o benefício
terça-feira, 10 de julho de 2018
Não é chique falar de Jesus Cristo
Por Maurício Perez
No jantar, percebi que todos tinham nível superior completo. Não demorou até alguém comentar que estava fazendo uma pós graduação sobre Deleuze. Um pouco depois a conversa enveredou para Heidegger e terminou com a trilogia de Nova Iorque de Paul Auster.
Fiquei pensando o que aconteceria se alguém falasse de Jesus Cristo... Claro, poderia abordar em uma perspectiva da sociologia das religiões. Algo como "O mito histórico de Jesus Cristo na perspectiva bultmaniana". Nesse caso não teria problema e ficaria até elegante. Também poderia ser citado a partir de alguma adaptação moderna e transgressora do evangelho, na linha do evangelho segundo Gore Vidal.
Mas falar do Jesus de Nazaré, em uma leitura simples do evangelho segundo São Mateus seria uma cafonice sem tamanho. Imperdoável. Não fica bem entre pessoas instruídas. Constrangedor.
E fiquei um bom tempo pensando nisso. Por que não é chique falar de Jesus Cristo?
Primeiramente, porque há muita frivolidade intelectual por aí. Especialmente em jantares e vernissages. Dizer nomes de pensadores em alemão é chique. Schopenhauer soa melhor que Barnabé, por exemplo. Falar complicado parece sinal de inteligência, saber e conhecimento, porém não passa de cortina de fumaça ou incapacidade de escrever em bom português. Outro exemplo dessa frivolidade é citar frases de pensadores sem nunca ter lido um livro completo deles e sem possuir um saber estruturado. Mas o melhor – ou o pior – da frivolidade é criar modas intelectuais. Nos anos 40 Sartre era vanguarda; nos anos 60 Marcuse era um must; já Heidegger e Nietzsche são como um vestido preto, um clássico para quem não quer errar. Moda para buscar a verdade? Aonde chegamos.
Jesus Cristo está ligado à religião. Ora, enquanto tendemos a pensar que tudo que alguém diz em nome da ciência é verdade comprovada, tendemos a pensar que quase tudo que se diz em nome da religião é falso, duvidoso ou subjetivo. Acolher a ciência faz parte da construção da imagem de uma pessoa adulta, independente e esclarecida. Em contrapartida, a religião está ligada à imagem de uma pessoa que não se libertou de uma infância crédula, de alguém que ainda está no passado das superstições.
Esse estereótipo continua forte em colégios e universidades onde habitam professores que parecem ter por missão pessoal criticar as religiões. Isso para não falar das revistas. Uma rápida pesquisa na cultuada e querida revista Superinteressante e constato que o cristianismo (desse tal Jesus Cristo) sempre sai muito mal nas reportagens. Os pobres estudantes ficam como bebês indefesos. Sem conhecimento sério sobre as religiões – pensam que as epístolas são as irmãs dos apóstolos – não são páreos para uma crítica tão feroz vindo de quem tem autoridade. São presas fáceis. Por isso é notícia, isto é, causa espanto, que alguém como Francis Collins, diretor do Projeto Genoma Humano, acredite que Jesus Cristo ressuscitou ao terceiro dia.
É engraçado constatar como mesmo na física há tanta charlatanice e teorias tratadas como certezas. Afinal, por trás da física, há físicos, ou seja, seres humanos e suas vaidades. O que não falar das ciências sociais que publicam artigos vagabundos com ideologias mais falsas que uma nota de três dólares acolhidas pela imprensa e pelo grande público como conquistas da humanidade. Pior: são transformadas em políticas públicas.
Como a religião não tem boa reputação entre intelectuais, sobra separar Jesus Cristo da religião. A história que se conta é que as religiões adulteraram e mudaram o Jesus histórico. Apesar de ser uma tese que não se sustenta historicamente, ela é bem elegante e continua colando bem por aí.
Aparece então o líder revolucionário (esse é para os marxistas, mas está meio démodé); o homem especial, bom "pra caramba", muito "irado" (para os rapazes e meninas "do bem"); o sujeito do "amai-vos uns aos outros" (qualquer sentimental adora isso); o mestre da humanidade (para o pessoal das ongs). Claro que nenhum deles leu a sério os evangelhos, nem os estudou. Já ouvi um sujeito dizer: "Como disse Jesus: Fazei, mas arcai com as consequências" (deve ser uma passagem do evangelho segundo Tim Maia de Porre). Desculpe o sarcasmo, mas não é possível desenvolver nada sem um estudo sério. Estamos cheios de opiniões baseadas em duas ou três ideias que repetem por aí.
Finalmente, como diz o ditado, a grama do vizinho é mais verde. Pensando que conhece o cristianismo e que este não tem nada a dizer ao homem moderno, o ocidental foi buscar no oriente inspiração para viver. Pega bem falar de Buda ou Confúcio, fazer meditação transcendental, passar uma temporada com monges budistas ou acender um incenso. Mas seria imperdoável e cafona, rezar, ir a um culto cristão ou acender uma vela.
A minha tese é que Jesus Cristo pode ser citado em um jantar com pessoas instruídas porque tem mais conteúdo do que Deleuze, Saramago ou Hegel. Precisamos tirar a casquinha da grife de intelectual e assumir uma conversa em bases sólidas sobre temas que dizem respeito a nossa vida, a nossa morte e a nossa sede de plenitude.
É autor do blog Correio Chegou.