terça-feira, 3 de julho de 2018

Companheiro Alejandro

Por Denise Fernandes




Quando um idealista morre, seus ideais não morrem com ele. Para os netos, ele vira uma estrelinha lá no céu, fácil de localizar. Para os filhos, ele vira semente. E a semente vira fruto. Para sua esposa, ele vira saudade.

Seus amigos lembram da sua alegria de viver.

Para a matéria, ele vira cinzas. E as cinzas viram árvores. O pó nos fertiliza. E nos matando, nos torna imortais.

Quando um idealista morre, seu velório não é triste. Principalmente porque ele não desejou um velório triste. Ele viu a morte como a comemoração da vida. E quando comemos e bebemos no velório, brindando a sua saúde, ele riu conosco. O amor é imenso em seu luto.

Enquanto ouvíamos "Gracias a la vida" em sua cremação, pois ele assim o desejava, passou um filme de bons momentos compartilhados. E não era tristeza o que sentíamos. Era um sentimento estranho de transformação, que emocionava o corpo inteiro. Rir, chorar, viver, morrer. O vento dos ideais nos transpassava nesta noite quente, em pleno inverno, que mais parece verão. E assim nos despedimos do companheiro Alejandro. Por enquanto.

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