domingo, 30 de setembro de 2012

Ao Gato Morto

Por Érika Batista

 
  Oh tu que jazes estrebuchado
  Pelo veneno talvez
  inchado
  Clama
  Contra a mesquinhez humana.
  Porque teu crime foi
  ter defecado.
Em memória de Pablito
  Contrariaste a proteção aos quintais alheios.
  Dizem que fizeste uma velhinha chorar.
  Agiste de forma desumana –
  Mas tu não és homem,
  és gato!
 

  De mais a mais,
  não acredito que o tenhas feito.
  Não que fosses demasiado educado.
  Mas demasiado preguiçoso eras, sim.
  Na época havia uma centena
  de teus semelhantes por essas paragens.
  E, com certeza, um.
  Mas gatos, incógnitos,
  para todos os efeitos não existem,
  porque impossibilitariam queixas.
  Existe sim o gato da vizinha,
  conhecido portanto culpado.
 

  Chora, felino!
  Se querias viver, vieste ao mundo errado. Aqui
  Tua vida não valeu
  Um pouco de QBoa.

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