terça-feira, 11 de setembro de 2012

O Anel

Por Denise Fernandes



         Assim não se jogam fora as dores; pois jogá-las seria como queimar as aéreas penas das asas de um anjo.

         O anel se rompe: como uma estrela que termina. Por que falarmos em morte? Por que teria que ser minha culpa? Finda o verão e esse vento gelado do outono é como uma bênção para mim: agasalhar as crianças, deitar contigo sobre o cobertor.

         Joguei fora o anel e você querer falar sobre isso nunca vai trazê-lo de volta.

         Como os anéis de uma corrente suportariam prender? Como poderiam prolongar a estação pressentindo a presença de sementes novas?

         Assim se jogam fora as lembranças: desejos-sonhos. Verão invadindo como o frio ou o calor invade nossa casa aos poucos, pelas frestas.

         Não chore pelo anel. Ainda que perdido, ele não parte inútil. Ele parte inesquecível, além de mim. Brilhará no céu como a luz de uma estrela.

         Sinto saudades de ti como nas outras estações: como se tua presença fosse a própria alegria; como se teu sorriso me deixasse; como se você me desse um novo anel cada vez que me ama.

Nenhum comentário :

Postar um comentário