Por Denise Fernandes
Assim não se jogam fora as
dores; pois jogá-las seria como queimar as aéreas penas das asas de um anjo.
O anel se rompe: como uma
estrela que termina. Por que falarmos em morte? Por que teria que ser minha
culpa? Finda o verão e esse vento gelado do outono é como uma bênção para mim:
agasalhar as crianças, deitar contigo sobre o cobertor.
Joguei fora o anel e você
querer falar sobre isso nunca vai trazê-lo de volta.
Como os anéis de uma
corrente suportariam prender? Como poderiam prolongar a estação pressentindo a
presença de sementes novas?
Assim se jogam fora as
lembranças: desejos-sonhos. Verão invadindo como o frio ou o calor invade nossa
casa aos poucos, pelas frestas.
Não chore pelo anel. Ainda
que perdido, ele não parte inútil. Ele parte inesquecível, além de mim.
Brilhará no céu como a luz de uma estrela.
Sinto saudades de ti como
nas outras estações: como se tua presença fosse a própria alegria; como se teu
sorriso me deixasse; como se você me desse um novo anel cada vez que me ama.
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