Por Érika Batista
Aconteceu há muito tempo. Já faz quase uma hora e
meia. Não tinha nada para fazer. Nada mesmo. As vizinhas não podiam
brincar comigo. As bonecas podiam, mas eu não gostava porque sabia o
que elas iam dizer depois.
Não dá pra brincar de bola sozinha. Nem de pega-pega. Nem de esconde-esconde ou um jogo
qualquer. Não me deixaram pular na cama da minha mãe. Então o que podia
fazer? Minha mãe queria que eu assistisse televisão. Até parece! Os programas
repetem tanto que já decorei todos. E só tenho seis anos.
Tinha que ser uma coisa diferente.
Fui lá pra fora. O quintal de casa é fininho e
comprido, com uns tijolos vermelhos no chão. Parece uma chaminé deitada. Olhei
em volta procurando qualquer coisa legal. Vi um arame... e uma tomada.
Uma luzinha acendeu em cima da minha cabeça, que
nem naqueles desenhos animados. Viviam dizendo: "Não ponha o dedo na tomada!".
Eu não gostava de desobedecer aos adultos, mesmo querendo saber o que
acontecia. Mas eles não deixavam pôr o
dedo na tomada. Não diziam uma palavra sobre arames.
Dobrei o que eu tinha achado em forma de "U" e,
segurando os dois lados do arame, coloquei-os direto nos buraquinhos da tomada.
Vuuuuuush! Fui parar do outro lado do corredor. Sorte que era perto. Não me lembro muito bem dos acontecimentos que se seguiram
até que vim escrever essa história impressionante (porque eu realmente não
estava muito bem), mas minha mãe diz que entrei branca, feito um lençol,
dizendo: "Vou assistir televisão".
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