Por Rosimeire Soares
Fascinante. Como um inimaginável
canto da sereia, Eurípedes Leôncio hipnotiza quem ousa lê-lo. Através de sua
obra “Todos os momentos para o amor” (4ª edição), o autor oferece nuanças
aromatizadas para tecer belas imagens na mente dos seres dispostos a pensar,
sentir e viver o amor.
Aos poucos, a musa (citada pelo menos
dezoito vezes no livro) passa a ser desnudada pelo “eu” autêntico que se
declara apaixonado em todos os Momentos e provoca, no leitor, um estado
apaixonante, pois elucida sonhos e instantes vividos ou idealizados. Fica
evidente nas poesias uma instância de amor no mais alto grau da perfeição, seja
na multiplicação da vida ou na embriaguez circunstancial, bem como na contemplação
de elementos da natureza como mar, areia, flor, orvalho, vento e estrela.
A obra poética está disposta em
quarenta e um Momentos para o amor, todavia desconstrói essa quantificação ao
instaurar, no título, sugestiva provocação em forma de sentença: todos os
momentos para o amor. Evidencia-se assim um silêncio perfumado de jasmim que
aconchega a mulher amada e faz jorrar, das entranhas de cada indivíduo, aquele
amor revelado ou camuflado, brilhante ou ofuscado, diurno ou noturno, real ou
imaginado.
Esse paradoxal “entrelugar” do amor
configura o ato estético desse autor que solta o cabo da nau e permite, à voz
poética, plena liberdade para arquitetar doces momentos, ancorados no psiquismo
do leitor. Essa reflexão pode ser corroborada em vários poemas, dentre eles o
Momento Quatro: se cinco minutos de ausência da mulher amada inspiram nova
poesia para que, em espírito, possa se aproximar e se desculpar pelos segundos
de separação, realmente cabe ao eu
poético anunciar que a musa preenche todo o espaço cósmico e desafia a
metafísica, culminando numa explosão de luzes e cores na mente daquele que ama
ou deseja amar ardentemente.
Para
Bachelard, a imagem poética ilumina com tal luz a consciência, que é vão
procurar-lhe antecedentes inconscientes. Por isso, em cada Momento da obra é
possível idealizar e edificar a imagem da musa que se confunde com a mulher
amada, pois ora inspira, ora realiza um amor caudaloso, encantador e sublime.
Portanto sugere-se que nesses poemas das águas a musa inspiradora de Eurípedes
Leôncio não tem forma, idade, cabelos cacheados ou pele alva. Ela, assim como
as águas, é fonte de vida, preenche a imaginação de quem a constrói e, ao se
diversificar, apresenta-se única e transcendente, pois todos os momentos são
para o amor.
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