Por Mayanna Velame
“Vai, vai saudade /
Me deixe viver sossegado / Vai, vai saudade / Há tanto tempo você vive ao meu
lado.” E a saudade é assim: também permeia as letras das marchinhas de
carnaval. Há dias que acordamos dessa forma, com alguns sintomas de tal
sentimento. Difícil não viver sem ela; pois a saudade não cabe numa mala de
viagem, não cabe num poema de amor. A saudade é ferida aberta que (quando
cutucada) arde até o último segundo.
Saudade faz morada nas canções ouvidas, resplandece nas
fotografias vistas, reativa as lembranças adormecidas. Traz à tona a presença
de alguém que não está mais ali. Saudade ressuscita aromas, reapresenta
sabores.
A vida se resume em duas palavras: chegadas e partidas.
Estamos sempre indo e vindo. Essa é a lei que rege nossa existência. Deixamos nossos
gostos, preferências, gestos e rabugices – como marca inapagável – no coração
das pessoas.
De toda saudade presente, o passado se materializa. Só
sentimos falta daquilo que se foi. E a saudade é como um alarme que, ao ser acionado,
dispara freneticamente.
Das marchinhas de carnaval, a saudade irá desfilar na
avenida de nossas vidas. Em nosso samba-enredo, há sempre uma ala da saudade
desfilando na memória. E no bloco da saudade, só existe espaço para quem gosta
de senti-la.
Afinal, a saudade é como o carnaval: faz um barulho
danado (dentro do peito), arrepia os cabelos da nuca e faz o nosso coração
sambar.
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