Por Meriam Lazaro
Cena do filme "Beleza Roubada" (1996) |
O que nos move num filme a ponto de
assisti-lo mais de uma vez, enquanto outros se revelam pura perda de
tempo ao primeiro olhar? Desta vez, busquei compreender o porquê do
título. Se eu pudesse descobrir o tema, seria moleza! Ou, quem sabe,
beleza... Lugar comum nas resenhas, o belo cenário, fica por conta das
paisagens da Toscana, na Itália. Também, a inocência juvenil de Lucy,
recém-chegada dos Estados Unidos, reacende o frescor nos personagens
mais vividos. Há fusão constante entre a perda e a descoberta de um novo
mundo. A mãe suicida deixou, num diário, a pista do segredo da
concepção de Lucy, assim como a herança poética. Pequenos versos são
escritos e recortados da borda dos jornais, inicialmente para serem
queimados; guardados em livros, depois. O ritual da queima me fez
lembrar quantos escritos meus tiveram o mesmo destino, roubando-me,
talvez, a autoria de um passado. O artista plástico da casa dos amigos,
que vinte anos antes retratou a mãe de Lucy, irá esculpir, em madeira, o
rosto jovem da filha. Maior contraste coube a Alex, acometido de doença
terminal, o personagem vivido por Jeremy Irons, sente-se florescer pela
serenidade da menina. Filme de comportamento, como se pode concluir,
não traz a ação que muitos preferem. Não é o mais indicado a prêmios,
dentre os dirigidos por Bertolucci, mas está entre os meus filmes
prediletos. Tema não inteiramente desvendado. Como o pôr-do-sol, que a
cada dia deixa atrás de si o mistério da noite.
Nenhum comentário :
Postar um comentário