sábado, 7 de fevereiro de 2015

Beleza Roubada - Filmes diletos

Por Meriam Lazaro


Cena do filme "Beleza Roubada" (1996)


O que nos move num filme a ponto de assisti-lo mais de uma vez, enquanto outros se revelam pura perda de tempo ao primeiro olhar? Desta vez, busquei compreender o porquê do título. Se eu pudesse descobrir o tema, seria moleza! Ou, quem sabe, beleza... Lugar comum nas resenhas, o belo cenário, fica por conta das paisagens da Toscana, na Itália. Também, a inocência juvenil de Lucy, recém-chegada dos Estados Unidos, reacende o frescor nos personagens mais vividos. Há fusão constante entre a perda e a descoberta de um novo mundo. A mãe suicida deixou, num diário, a pista do segredo da concepção de Lucy, assim como a herança poética. Pequenos versos são escritos e recortados da borda dos jornais, inicialmente para serem queimados; guardados em livros, depois. O ritual da queima me fez lembrar quantos escritos meus tiveram o mesmo destino, roubando-me, talvez, a autoria de um passado. O artista plástico da casa dos amigos, que vinte anos antes retratou a mãe de Lucy, irá esculpir, em madeira, o rosto jovem da filha. Maior contraste coube a Alex, acometido de doença terminal, o personagem vivido por Jeremy Irons, sente-se florescer pela serenidade da menina. Filme de comportamento, como se pode concluir, não traz a ação que muitos preferem. Não é o mais indicado a prêmios, dentre os dirigidos por Bertolucci, mas está entre os meus filmes prediletos. Tema não inteiramente desvendado. Como o pôr-do-sol, que a cada dia deixa atrás de si o mistério da noite.
 

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