sexta-feira, 6 de março de 2015

O caderno

Por Mayanna Velame




Tenho comparado nossa vida a um caderno de folhas limpas. A cada dia que vivemos, esse caderno vai sendo preenchido com frases, orações, períodos simples e compostos. Isso acontece de acordo com nossas ações e atitudes diárias.


O certo é que pouco sabemos se iremos ocupar todas as folhas em branco deste caderno. Até porque as folhas novas só são acrescentadas, paulatinamente, dia após dia. Em sintonia com o nosso levantar e deitar.


Entre o presente que escrevemos e o futuro que esboçamos, a vida se desenha para nós. As incertezas que nos cercam, as dúvidas que nos neutralizam. Elas acabam nos transformando em seres desnorteados e perdidos.


A vida é o grande mistério da criação. Do discurso Criacionista e Evolucionista, prefiro acreditar que somos provenientes do pó. Pó é terra. Terra é riqueza. É de lá que se retiram as matérias-primas que nutrem esse mundo de Deus.


Contudo, no final, não somos muita coisa. Basta uma gripe qualquer abalar o organismo e lá estaremos, prostrados sobre a cama, com os olhos vermelhos e o nariz inchado – sendo vítimas da coriza e dos espirros. Somos seres limitados, mas não impossibilitados de (verdadeiramente) escrevermos os capítulos que nos são repassados todos os dias.


O futuro pode se apresentar nebuloso para nós. Os imprevistos, os acasos, as interrupções dessa nossa aventura terráquea, cedo ou tarde, irão nos afetar. Porém, enquanto não somos surpreendidos pelo destino, saibamos viver; mesmo com as incoerências da vida. Pois não há nada mais lógico do que aproveitar e gozar as coisas boas desta epopeia existencialista.


Que as tintas da melancolia – que tornam as páginas do nosso caderno cinza – possam ser substituídas por aquarelas. Mesmo que isso seja, apenas, um simples rascunho da felicidade.

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