sábado, 21 de março de 2015

Crônica sem pé nem cabeça

Por Meriam Lazaro




Sob o flamboyant, a rosa e a raposa confabulavam. “Faz dois dias que ela não aparece”, disse a rosa. “Creio que é falta de assunto”, acrescentou a raposa, olhando cobiçosa para o passarinho pousado logo acima. O passarinho, se fazendo de desentendido, exibiu-se em voo rasante e avisou: “Aí vem ela, a coroca metida à crônica”.


Dizem que tudo dá crônica. O assunto pode ser desde a falta de assunto até os acontecimentos diários. Dizem, também, que todo cronista tem pelo menos uma crônica para falar da própria crônica. Mas não se preocupem. Não falarei da vida efêmera da crônica. Muito menos que aquele “songa-monga”, com ares de desligado, na verdade está prestando atenção em tudo para depois, ao escrever, dar sua opinião... Opinião esta que muitas vezes parece a do sabe-tudo e/ou do “opiniático”, como se diz por aí.


Nada disso. Aqui entra a justificativa para os leitores saudosos dos minúsculos haicais, trovas e poetrix – que ora se deparam com estas e outras vinte linhas. Apenas me dediquei a aprender uma ou duas coisas novas a cada mês. Vale prendas do lar, artesanato, estudar outro idioma e ainda treinar as boas letras do nosso português. Tanto é que já tentei um cordel, as tais crônicas e a cozinhar.


“Mas você não tem receio de perder os leitores que gostam de entrar e sair correndo, sem perder tempo?” – perguntou a raposa, piscando os longos cílios.


Não. Os leitores de letras breves podem ficar à espreita, para ver se aparece um textinho maneiro. Creio que aqui vem quem gosta de vir. Há até os mais gentis, que se dizem saudosos quando a casa está vazia.
 

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