sábado, 14 de março de 2015

No tempo de Aladim

Por Meriam Lazaro




Há expressões, como a “do tempo do Êpa” ou a “do tempo do Ariri Pistola”, que ouvimos, reproduzimos, mas não sabemos como surgiram. “Êpa” seria uma redução de Epaminondas, nome próprio que poucos hoje em dia recebem ao nascer. A outra expressão, que também representa algo antigo, obsoleto ou em desuso, é a “do tempo do Ariri Pistola”, que estes ouvidos confundiam como sendo “do tempo da Lili Pistola”. Pois bem, de fato existiu uma Lili, que usava pistola para comandar assaltos no Rio de Janeiro pelos idos de 1970 e 1980, mas o seu apelido era Lili Carabina e nem faz tanto tempo assim.


“Ariri Pistola”, na verdade, era um piauiense nascido em 1869, cujo nome era Horácio. Viajou pelo mundo, inclusive em terras japonesas, onde conheceu o famoso haraquiri, tipo de prática que alguns japoneses utilizavam para cometer suicídio. Muito bem. De volta de suas andanças, Horácio foi acometido de depressão. Segundo dizem, pouco antes de se matar correu pela cidade, de posse de uma pistola, dizendo repetidas vezes que iria “cometer haraquiri”. O povo da cidade, sem saber o que era haraquiri, ao explicar o ocorrido informava que o “cabra” cometera o “ariri com sua pistola”. Daí, então, a expressão “do tempo do Ariri Pistola”.


Em tempos de Google, encontramos explicação para tudo ou quase tudo. Até onde são verdadeiras ou não estas explicações nem sempre sabemos. Além de reproduzirmos expressões antigas, muitas vezes sem saber o significado, criamos outras. Assim ouvi outro dia que no Sul vivemos no tempo de Aladim. Devido ao frio intenso, do outono-inverno, vemos aqui e ali pessoas esfregando uma mão na outra para tentar aquecê-las. Pena que nessa hora não saia da lâmpada aquele mago que, num piscar de olhos, faz maravilhas ao reproduzir de forma geométrica o patrimônio de certas pessoas. Coisa que gênio algum explica.
 

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