Por Mayanna Velame
Tarde efervescente de
sexta feira. O sol majestoso e único espalha seus raios entre as poucas nuvens no
céu. O asfalto empoeirado abriga dezenas de carros, que tentam cruzar as ruas –
todos de uma só vez.
Trânsito inerte,
buzinas, motores, sirenes, vozes, calor. A cidade enlouquecida também
enlouquece Elisa. Ela não suporta mais: está a bordo de um ônibus apinhado de
homens e mulheres, vítimas da exorbitante quentura que resolvera castigar a
terra.
Impaciente, Elisa tenta
enxugar a nuca com um lenço bordado. De olho no relógio cingido, no pulso
esquerdo, a moça vê os ponteiros sendo cúmplices das horas.
A temperatura aumenta,
quarenta graus, e daqui a pouco todos estarão em chamas (inclusive Elisa). Pouco
a pouco, ela sente o suor escorrer em suas costas, desespera-se, suspende cada
vez mais as mangas de sua blusa branca, estilo social. Um passageiro gordo e
bigodudo a imita.
De repente, o motorista
acelera, o ônibus sofregamente volta a percorrer as ruas. Um vento morno e
tímido faz suas mechas castanhas esvoaçarem no ar. Duas paradas a separam de
sua casa. Feliz, levanta-se do assento, gentilmente pede licença. Seu corpo
robusto e suado sente dificuldades em encontrar a porta de saída do coletivo.
O sufoco termina e,
para andar ligeiramente, Elisa retira o par de sapatos de salto alto. Tempos
depois, ela sobe uma ladeira íngreme, desabotoando a camisa. Uma das alças do
sutiã branco é exibida. Passantes a observam com olhares maliciosos e
diabólicos.
Já em casa, Elisa se
despe rápida. O corpo nu procura o banheiro. Logo o chuveiro é ligado, gotas
gélidas começam a umedecer os cabelos castanhos lisos. A água escorrida inicia
seu passeio. Primeiramente, percorre o rosto corado, depois, banha o nariz
arrebitado, para em seguida beijar a boca entreaberta, de lábios tentadores e
carnudos.
Elisa se sente mais
leve, suas mãos deslizam o sabonete com vontade: desde as costas até as nádegas
rechonchudas, explora com ardor cada extensão de sua pele vistosa. O rêgo que
se forma entre os seios volumosos serve como canal para o líquido transparente
visitar outras partes do corpo.
O banho continua... Até
que finalmente Elisa, agora regozijada, alcança uma toalha sobre a pia. E, andando, segue pelos corredores da casa com os pés molhados e descalços.
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