Por Denise Fernandes
Já faz um tempo que meu segundo
filho me falou de um filme que eu tinha que ver. Ele estava entusiasmado e tão
convencido que eu tinha que vê-lo, que fui atrás. O filme se chama “Mais Estranho
que a Ficção”. O protagonista descobre que sua vida tem uma autora. E, com isso,
pode ser uma comédia ou tragédia o enredo de sua vida.
Essa outra
pessoa que me escreve: roteiro, fala e ação, é dona da minha alegria, da minha
vida ou morte. Nesse filme, as opções são claras: se você morre no final, o
filme da sua vida é uma tragédia. Se o final é diferente da morte, você viverá
uma comédia. Esse clarear me fez bem. Viver uma vida que não acaba com a
morte... Para isso, minha vida precisa mesmo existir além de mim.
Na comédia da
minha vida, um desafio para o meu humor tem sido os profissionais de
telemarketing, que insistem em ligar para mim. Para mim? Eles ligam para um eu
que não sou eu, ligam para meu RG, meu CPF, meu dinheirinho. Na minha infância,
não tínhamos telefone e eu sonhava com todos os telefonemas maravilhosos que
receberia. Não sei se é por isso que fico tão brava com esses telefonemas.
Pode ser também
a hipocrisia da gentileza no telefone. Também porque essas pessoas abusam da
minha paciência e carência afetiva. Um exemplo real: liga uma moça de
telemarketing e pergunta do meu namorado de dez anos atrás. Explico que não
mora aqui. Mas você conhece, a chatinha vai prolongando a conversa. Explico que
foi meu namorado. Ela quer saber onde ele está. Conto que não sei onde ele
está. A imbecil na linha: ”Mas como assim a senhora não sabe onde está o seu
namorado?”. Só desliguei o telefone na cara dela, mas minha vontade era a de
mandar ela tomar naquele lugar mesmo, nove e meia da manhã ensolarada e eu
espumando de ódio. Já tentei bloquear o telemarketing de todo jeito, mas
telemarketing é que nem traça e pernilongo.
Quando vi esse
filme no Canal Brasil, dei ótimas gargalhadas. O Fabio, bom amigo, achou o
filme na internet. Se você não gosta de telemarketing, assista, que acho que
você vai se divertir também. Se você gosta de telemarketing ou trabalha com
isso, também vale a pena. Olha o link aqui.
Enquanto quem escreve minha vida se diverte com as minhas
brigas ao telefone, ainda espero que ele toque para mim, quer dizer, para o meu
eu verdadeiro, esse mesmo, sem RG, CPF ou dinheiro. O meu eu que não tem nada,
nadinha de nada além de mim.
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