Por Denise Fernandes
Cada um tem sua igreja, seu Jesus
particular, seu tipo de anjo da guarda e oração. Cada um tem seu centro
espírita, sua espécie de Oxalá e prática, sua forma de espiritualidade e de
como cuidar dela. No centro do sectarismo, da prática certa, do padre mais
abençoado que os outros, do endereço do centro espírita com mais força: a falta
de união, a falta de razão. Na distinção entre Buda e Maomé, o centro escuro da
falta de fé, da falta de amor. Cada um sabendo mais que o outro onde mora a
força mágica do Amor Criador.
No abraço do novo Avatar, nos gurus
indianos, nos lamas tibetanos, no incenso e na vela, a mesma ausência de
compreensão. Nos xamãs, nos caboclos, no pai-de-santo e na mãe-de-santo, nos
médiuns e nos profetas, nas freiras e nos pastores: a falta de Paz, de Luz.
Simplificamos o inexplicável, dividimos o indivisível, criamos a dúvida onde
gostaríamos de encontrar a Fé.
Por isso, te peço, Pai celestial com um
amor muito trêmulo, cheio de medo, do mais terrível e paralisante medo: Jesus
salve o Islã ! Ó Buda salve Maomé! Moisés salve os palestinos! Fé do Islã salve
Oxalá e Chico Xavier, divididos em tantos endereços. Amor salve o Mundo. Paz
celestial provoque a paz na Terra e no que é terreno. Nossa Senhora: salve-se.
Porque se há uma hora para aquilo que é espírito, se estamos divididos é porque
não entendemos quase nada do que é espírito, estamos na pré-história do
conforto que precisamos para nossas almas. E na solidão de um deus ou muitos
deuses, em toda solidão o divino nos alcança, mesmo quando estamos distraídos.
"Os pensamentos se
volatizam? Também a vida. Não vemos Deus pelo número contável dos astros, ou
dos coelhos, ou gaivotas. Vemos Deus, por existirem astros, coelhos, gaivotas.
E pelo que está por trás dos sonhos. E como por eles nos fala, se dormirmos. Ou
falamos com Deus, acordados no espírito. Acordados, acordados-de firmamento a
firmamento. A palavra aciona todas as potências do silêncio. E exulta" (Carlos
Nejar).
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