Por Mayanna Velame
Uma folha em branco sobre a mesa. Uma caneta sem tampa, abandonada entre as páginas de um dicionário. Dedos nervosos, de unhas ruídas, tamborilam a escrivaninha (repleta de papéis surrados). A imaginação não voa.
A garrafa de vinho, seca, espatifa-se no chão. Cacos de vidro são palavras despedaçadas. Cigarro aceso. Uma baforada e a fumaça encobre as ideias. Uma palavra escrita logo é apagada.
A cadeira está vazia. Passos soltos pelo apartamento. Silêncio, suspiros, suor, transpiração e inspiração. O relógio se mostra, os ponteiros dançam. O balé das horas é sempre melancólico. A mão alcança um lápis de ponta fina. Ele é levado à boca e, dos lábios, recebe umidade. Escrever é não desistir. Um corpo se debruça sobre a escrivaninha. Consoantes, vogais, frases, orações, períodos e parágrafos. Escrevemos para quê?
Palavras passeiam sobre a folha em branco. Personagens prisioneiros de suas atitudes involuntárias. Devaneios secretos, peripécias, reviravoltas, leitores. Um conto aberto, sem ponto final...
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