sábado, 24 de maio de 2014

Alice no espelho

Por Meriam Lazaro
 

 
 
O vendedor se engana ao cobrar pela mercadoria, devolvendo troco além do devido ao consumidor. O consumidor percebe o equívoco, mas considera esse ganho um ato de compensação pela mercadoria superfaturada ali no mercado. A bibliotecária, para não dar péssimo exemplo, tapa com etiqueta o selo identificador do livro como propriedade da escola antes de oferecer o presente ao pequeno afilhado. Os idosos, em número maior na fila do banco, retiram na máquina dois tipos de senha para atendimento no caixa: preferencial e convencional, valendo-se daquela que primeiro for chamada. O atendente sai para ir ao banheiro vinte minutos antes de seu intervalo só retornando depois do almoço, afinal, trabalha conforme seu salário, que é mínimo. Na Terra do Eu Não Sabia, Alice, que veio do País das Maravilhas, saiu a passear e pelo espelho retrovisor viu vendedores, consumidores, bibliotecários, aposentados, atendentes... Todos, justificadamente indignados, jogarem pedra na televisão: - Fora, políticos ladrões!!

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