Por Sérgio Bernardo
A sílaba que falta te descompleta,
espalha, afasta.
Fica suspenso o beijo, vazia
a mão que não te toca.
Abarroto-me de incompletude
como poço sem água.
Temo que a língua não reencontre
a sílaba que falta.
Minha pronúncia não a soletra
e dentro a procuro
com o silêncio me cegando.
Houvesse ao menos o eco
de um pedaço de som na memória,
saberia o início do caminho,
mas não: nada escuto que indique
a sílaba perdida
que em mim te desintegra.
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