Por Denise Fernandes
É o nome de um livro do
Bachelard, filósofo, que comprei e li. Meu filho também leu. Não que ele leia
muitos livros, mas se interessa como eu pela questão do tempo. E esse livro
aborda essa questão. O tempo também cada vez mais para mim começa aparecer como
questão: estou velha de várias e várias formas.
Fotografar é tentar
registrar o efêmero. Lembrei da foto da "instalação" que vimos da
artista na Pinacoteca. Estávamos, eu e minha mãe, vendo uma obra na Bienal e a
mente da minha mãe foi para essa obra que tentei registrar: as louças brancas
batiam na água fazendo uma sonoridade muito linda, dentro da água. A obra era
linda de ver, de ouvir. Tem outra foto, além dessa, em que registrei minha mãe
e a Bia, minha filha de 27 anos. Não lembro nem minha mãe lembra o nome dessa
artista: ficou a memória da obra que de certa forma também é uma imagem dela.
Assim
é o instante, passado-presente-futuro, a gente tava na Bienal agora e em muitos
outros lugares. Lembro de mortos, vivos e vivos-mortos, também tenho essa
lembrança das lembranças dos outros. Lembro do dia em que a Cassia Eller morreu
e também o dia em que a Elis Regina morreu. Lembro de ter ficado bem assustada
quando o John Lennon morreu, embora eu não soubesse exatamente o porquê estava
assustada. Meu medo foi nesse caso ficando maior mesmo, quanto mais eu me
conscientizava: ninguém mais ficou na cama pela paz, ninguém mais usou a mídia
para compartilhar ideais e atitudes pela paz como John fez.
Ficou um buraco que
eu nem sei de que bosta de cor que é. É cor de buraco de um tédio em que
ninguém mais faz porra nenhuma. Sinto pelo Paul, mas ele é muito babaca quando
penso de leve no John. Ai, a Samanta que é beatlemaníaca não deve estar
gostando. A Clô, que me entende através dos meus textos mais do que eu mesma me
entendo, está rindo. Será? Será que vou ficar muito triste pela morte do Paul?
Nenhum comentário :
Postar um comentário