segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Crônica Metalinguística

Por Rosimeire Soares

 

Já li inúmeras crônicas a respeito das crônicas e confesso que me saciei um pouco em cada uma delas. Dessa forma, não poderia me furtar desse solene momento, dessa metalinguística. 
 
Escrever crônica é correr riscos. Riscos de se embebedar pela emoção, pela dinâmica do texto e de forma abrupta, ou não, deixar escorregar o gênero de Ruy Castro, Luís Fernando Veríssimo. Escrever crônica é homenagear estes nomes e muitos outros. É ver a Literatura de uma maneira próxima e acessível. 

O lapidar de uma crônica acontece no instante que se descobre o passo da valsa entre o conto, com sua introspecção, e os fatos cotidianos ilustrados pela linguagem que diz implícita e explicitamente quem é realmente o homem da era das redes sociais. 

Escrever crônica é descobrir o poder imponente da linguagem. É ver o nascer de cada palavra, os sentimentos e impressões latentes na mente e no coração daquele que é sensível aos passos do mundo, dos seres que habitam o mundo. A crônica é o despertar do escritor e o deleite do, antes da crônica, quase leitor. 

A crônica permite o bailar das emoções em dispositivo de serenidade, pois é o dizer suave, cômico, opinativo. Ela demarca o figurativo através do real, não o inverso. 

Escrever crônica é manifestar desejo, é expor sentimentos tantas vezes já expostos, mas nunca por esse prisma. É recortar situações tão comuns, mas com o glamour que a arte escrita permite. A crônica, com sua liberdade de correr riscos entre os gêneros textuais, nos permeia ao estranho prazer de estar sempre a um passo de não fazer uma crônica e finalmente fazer uma crônica.  

A crônica, na sua plenitude, denota a leveza dos sonhos confrontados com os (talvez) pesares dos conflitos por que passa o homem. Assim, escrever crônica é se apaixonar pelo que já foi dito e dizê-lo, apaixonar pelo que já foi sentido e senti-lo com intensidade.
 
E é esse limite (adrenalina – diria o jovem) que provoca no cronista a sensação de que não se pode viver sem esse ofício, o honroso ofício. 

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