Por Fabio Ramos
Revirando o lixo
da vizinhança,
você me encontrou.
A regra básica
“mantenha-se longe de tudo
que não lhe pertence”
foi solenemente
descartada.
Você simpatizou
com a estampa,
com o cheiro
pestilento
[perfume francês
para teu olfato apurado].
Até então,
vivia solto no mundo;
deitando, rolando
e fingindo de morto.
Fui recolhido
entre os escombros,
cumprindo minha função
como ninguém
[um destaque aos olhares
de outrem].
No decorrer dos anos,
assumi com relutância
o lado decorativo.
Tornei-me visível
novamente
quando ganhei
uma nova serventia:
limpar a sola
dos sapatos dos visitantes.
Que ultrajante!
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