Por Fabio Ramos
Investiu no curso
de datilografia
e respondeu
a um anúncio
classificado.
Contava as horas
para afrouxar
o nó da gravata
no fim do expediente.
Ônibus elétrico
freando bruscamente
ao puxarem a cordinha.
Chave que dá duas voltas
na maçaneta.
Tudo como deixara pela manhã:
teias de aranha
uma bota no freezer
o bombril na ponta da antena.
Acomodou-se em frente
à máquina de escrever;
onde o maestro
conduzia sua sinfonia
particular.
Vez ou outra,
interrompia o som das teclas
para fitar a foto
fora de foco.
[luzes de néon piscando]
[seringas recém-injetadas]
[filmes da Emmanuelle no corujão]
Entre mil divagações,
uma barata cruza
o apartamento enfumaçado.
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