Por Denise Fernandes
Em março de mil novecentos e oitenta e cinco
escrevi na minha máquina de escrever:
Beatriz
O sol solto, acaso
Conhecer você me fez mais feliz
andarei por aí
colhendo o que achar melhor para nós
escolhendo os poentes
e os poemas,
entre os pentes.
A nossa roda da fortuna é grande
o meu carinho, o meu suor
é poder e mato
é no teu cheiro e no teu olhar
que eu corro
longe-perto de você, pode?
tenho uma mão, mas você tem duas
Beatriz
os devaneios são sementes
creio tanto nisso
como em você, nos raios de sol
e nas luzes amarelas da tarde,
vermelhas da noite
O papel está amarelo e Beatriz
que era um bebê recém-nascido
escreve; quando ela escreve
não temo. Ela tem o mesmo olhar
de quando nasceu. O mistério está
intacto. A semente sempre será semente.
Há uma música nova a ser escrita.
Se eu não estivesse escrito março
de mil novecentos e oitenta e cinco
jamais entenderia.
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