Por Oswaldo Antônio Begiato
Quando eu me despertar
não me desejo sorrindo.
Quero antes
beber a tristeza
com minha boca gelada,
no momento em que o relógio
das catedrais anunciarem
a hora do angelus.
Quando eu me despertar
não me desejo colorido.
Quero me ver verde,
coberto de musgos
e cheio de vermes
por baixo
de minha pele falsa,
e voltar a ser pó.
Recuso-me a chorar,
no entanto.
Não tenho mais estômago.
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