domingo, 11 de dezembro de 2016

Hora do Angelus

Por Oswaldo Antônio Begiato




Quando eu me despertar
não me desejo sorrindo.


Quero antes
beber a tristeza
com minha boca gelada,
no momento em que o relógio
das catedrais anunciarem
a hora do angelus.


Quando eu me despertar
não me desejo colorido.


Quero me ver verde,
coberto de musgos
e cheio de vermes
por baixo
de minha pele falsa,
e voltar a ser pó.


Recuso-me a chorar,
no entanto.


Não tenho mais estômago.

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