domingo, 4 de dezembro de 2016

Empastelamento

Por Oswaldo Antônio Begiato




tenho que escrever enquanto as palavras
vão me rasgando o ventre
e nascendo como água
que rompe pedras


não sei para quem escrevo
não sei porque escrevo
não sei onde escrevo


como é água jorrando brutalmente
de um desconsolado ventre
escondido entre pedras
nada posso garantir


não posso garantir sua liquidez
não posso garantir sua limpidez
não posso garantir sua frescura
não posso garantir sua verdade


nem mesmo garantir
se sou eu mesmo
esse eu que me vejo
nas coisas que escrevo

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