Por Denise Fernandes
cantiga de ninar
cachorrinhos azuis
enquanto no sítio de sempre
você a cobra preta e amarela
é a família
a culpada
por tudo
enquanto o poder
apodrece
não quero nada
já disse que não quero nada
e aparece o Fernando Pessoa
vem o Plínio Marcos
querendo falar com a filha
já disse que não sou médium
não sou Nada
enquanto a Ana Cristina César
quer ser psicografada
pelos gatos
eu disse que não quero nada
e me vem a tabacaria
e Álvaro de Campos
estou tão só
e nem estou em Lisboa
revisited por mim
trinta e um de maio
de dois mil e quinze
em São Paulo
conectada em você e na cabala
virgem esculpida
em pedra
horóscopo
eu vou ler de trás
para frente
eu vou ganhar
nada
não vou guardar
e quando me for
serei o nada
dentro de outro nada
serei um livro
perdido
no mar
e enquanto as palavras se desfazem
virão os cânticos
as sereias os peixes
pequenos caranguejos
serei o mar.
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