Por Denise
Fernandes
Tudo que
sou, devo a meu avô: Ídio da Silva. Ele é minha raiz, minh'alma que voa. Ele é
o Silêncio que rodeia as manhãs frias de São Paulo, as serpentes que nadam no
lago do Ibirapuera, os inúmeros pássaros que voam na Universidade de São Paulo,
os sapos que cantam e os vagalumes que encantam no sítio do meu pai em Santa
Isabel, a árvore gigante no parque da Aclimação, que merece um abraço de vez em
quando.
Sei que sou
a Luz no fim do caminho Dele, a força, a Seiva. Meu avô Ídio da Silva é minha
coluna vertebral, minha medula, meu senso de Justiça.
Graças ao
meu avô, Ídio da Silva, sei que sempre fui brasileira, que não preciso ir à
Europa, ou à China, para conhecer o Mundo!
Meu avô,
Ídio da Silva, foi visionário, genial. Ele me dizia que faltava apenas dois
territórios para ele conhecer o Brasil inteiro, mas agora, mas agora que sou
avó também, não lembro mais... Ainda existem territórios? Não sei se era o
Acre, ou Rondônia, ou Roraima. Quando adoeço, sinto saudades do meu avô, muitas
saudades do seu riso forte, da sabedoria Infinita, da Paciência que Ele teve
comigo. Nunca, nunca, ninguém mais teve paciência Comigo.
Só meu avô
me Entendeu nessa Vida. Até agora.
Minha
família não gosta que eu fale no meu Avô porque ele era alcoólatra e
putanheiro. Segundo sua esposa, Olga Fernandes, meu avô era viciado em sexo.
Nas suas
histórias e aventuras pelo Rio Amazonas, as lembranças dos nossos jogos de
damas. A luz do meu Avô permite que a Chama não se apague em Mim. Para mim, ele
foi como um Marco Polo no Brasil.
Meu avô é o
Pijama confortável que coloco para dormir, o sono tranquilo que tenho quando me
deixam dormir. Ele é minha Raiz, minhas sementes.
Quando
tenho um sentimento de Solidão maior que o Mundo, bem maior do que os cem anos
de solidão que Gabriel Garcia Márquez escreveu e viveu, meu avô é a Terra, a
areia branca da praia, a solidão de olhar para o Infinito.
Se Vinícius
de Moraes estivesse vivo, eu casaria com Ele. Mas, hoje, estou tão triste que
não quero casar, nem pensar, só sentir o vazio imenso que meu Avô deixou quando
me deixou aqui no planeta Terra. Foi meu Avô que me ensinou a respirar fundo
para sentir o cheiro da Terra molhada. Foi Ele que me ensinou a pensar, não foi
Descartes. Também me ensinou que a política é passageira. O que importa são os
pássaros, as crianças, as flores, as sementes, as árvores poderosas que
arrebentam as calçadas.
Foi
meu avô, e não a televisão, que me ensinou que a Chuva é mais importante que o
Dinheiro. Também me ensinou que a Solidão é destino, estrada, Caminho, Verdade.
Dentro da gente mora um Anjo, e se chama... Puxa, não é que eu me esqueci?
Estou ficando Velha!!!!!!
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