sábado, 20 de junho de 2015

Encontro inusitado

Por Meriam Lazaro




Era um almoço. Cheguei com minha mulher. Muito burburinho no restaurante. À porta paramos triunfais. Milhões de íris se fixaram em nós.
– Bom dia! Como estão? Entrem e sentem, as cadeiras estão com os nomes – nos disse a recepcionista.
Quem será esta morena tão atraente? Não me lembro de seu rosto bonito. E nunca esqueço um quando me impressiona assim.
Encontrei nossos lugares. Minha mulher sentou-se (rindo sempre). Parece que, repentinamente, a musculatura da face adquirira tétano. Eu, mais simpático ainda, acenei com a cabeça para várias senhoras e senhores, enquanto também sentava – e aguardava – o meu pessoal.
Que olhos comunicativos estes em frente a mim. Tão idênticos com os do PP Simon, da turma de basquete; só que num sujeito mais baixo, bem mais baixo, meio envergado. A senhora ao lado deve ser, então, mãe ou avó da mocinha miúda que, tímida, sempre dá risadinhas quando passa por algum dos jogadores.
Pessoas chegam à porta. Devem ser da mesa grande lá no fundo do salão. Não, não. São da nossa mesa (nem imagino parente de quem). Só vejo estranhos. Há uma senhora roliça, que não para de me olhar e se dobra de tanto rir. Que desagradável. O que ela vê em mim? Seria algo no casal ao lado?
O que há de senhores calvos e com barriga proeminente por aqui, cruzes! Mesmo sentados vemos a pança. As senhoras se olham sorrateiramente, conversando com seus pares. Todas maquiadas e de óculos. Talvez façam propaganda de uma ótica. Desconfio que estejamos na mesa errada. Digo a minha mulher que irei conferir com o gerente.
– Hã, hã... – Limpo a garganta e pergunto: – Como vai amigo? Há alguma mesa reservada para uma festa de confraternização? Ao que ele me responde: – Da turma de 1956 do Colégio "Santa Cecília"? É ali mesmo onde o senhor está sentado.

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