Por Meriam Lazaro
Imagem: Meriam Lazaro (Redenção - Porto Alegre, RS) |
Há mortes e mortes e a Morte! Já a Vida
só há uma, pelo menos entre o espaço pontilhado da Certidão de
Nascimento e da Certidão de Óbito. Se nesta última necessitasse constar a
causa “mortis”, seria pedir muito que a minha fosse “morreu de rir”?
Aquele riso de corpo inteiro, irresistível e contagiante que a pessoa
pode até esquecer o motivo exato, mas se lembrará do efeito para sempre
enquanto o sempre existir. É o tipo de riso que se contado não provocará
a tortura do riso, mas uma espécie de risinho brando. Poucos dias atrás
uma amiga falou-me de sua irmã, recém separada, que está com dois
namorados e justifica porque “com um rola química, mas com o outro rola
uma coisa pra alma”. Por pouco não desencarnamos, eu e minha amiga, do
tanto que rimos da adolescente de cinquenta anos. O riso histórico,
contudo, aconteceu em sala de aula, lá pela oitava série. Aula de
inglês, estava com um livro cheio de figurinhas e diálogos patéticos
“você quer café”, “você quer açúcar”... Comecei a rir descontroladamente e
os colegas também mesmo sem saber o motivo do riso. A professora se viu
obrigada a pedir para eu me retirar da sala. Saí com o livro de inglês
na mão, mas lá fora olhei as figurinhas e não vi graça nenhuma. Voltei
para a aula com um “excuse me, teacher”. Seria uma boa morte aquela
causada por riso coletivo. Imagine se a polícia, nos movimentos
grevistas e paralizações, para conter os baderneiros ao invés de gás
lacrimogênio soltasse uma bomba de riso?! Isto sim, ainda que não
solucionasse os problemas da nação (coisa que ninguém quer), seria muito
mais divertido. Muito melhor chegar do lado de lá movido pelo prazer do
que pela dor. Ou não chegar a lugar algum quando aqui não encontramos
motivos para o riso, o que seria morte em vida. Quanto à Vida, fico com o
gênio entrevistado na rua para o programa Provocações nº 513 da TV
Cultura: “A vida para mim é a base de tudo, sem ela acho que não
estaríamos aqui e a vida é, como se diz, inexplicável. E a vida é tudo
na nossa vida!”
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