Por Oswaldo Antônio Begiato
Passei por tantas armadilhas,
Cruzei muitas fronteiras
Durante o tempo em que renascia
Nessa minha vida de errante.
Bonecos, somos todos modelados com o mesmo barro,
Pelas mesmas mãos.
De que me serviu dizer sempre a verdade?
Venci na vida?
Venci nada. Indigente, envelheci.
E não é o tempo que envelhece,
É o abandono,
A falta de perdão.
(Aprendi que o dinheiro compra todos os perdões,
O resto é léria.)
E eu que sou inhenho incorrigível
Fui morrendo de tristeza e de vergonha.
Se eu soubesse que iriam espalhar pela internet
A foto descolorida de um escravo morto
Com os cabelos presos e a pele tenra
Eu teria colocado uma camisa mais bonita,
Dessas que obrigam o sol a nascer
Seis horas antes do funeral.
Talvez eu fosse festejado.
Cruzei muitas fronteiras
Durante o tempo em que renascia
Nessa minha vida de errante.
Bonecos, somos todos modelados com o mesmo barro,
Pelas mesmas mãos.
De que me serviu dizer sempre a verdade?
Venci na vida?
Venci nada. Indigente, envelheci.
E não é o tempo que envelhece,
É o abandono,
A falta de perdão.
(Aprendi que o dinheiro compra todos os perdões,
O resto é léria.)
E eu que sou inhenho incorrigível
Fui morrendo de tristeza e de vergonha.
Se eu soubesse que iriam espalhar pela internet
A foto descolorida de um escravo morto
Com os cabelos presos e a pele tenra
Eu teria colocado uma camisa mais bonita,
Dessas que obrigam o sol a nascer
Seis horas antes do funeral.
Talvez eu fosse festejado.
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