sexta-feira, 27 de junho de 2014

A chuva nossa de cada dia

Por Mayanna Velame




Confesso que gosto muito de tempos chuvosos. Não sei exatamente o motivo, mas creio que seja, talvez, pelo fato de me sentir mais introspectiva e sensível.


Da janela de um carro, ou da janela da minha casa, aprecio feliz as gotículas de água, que descem do céu e beijam, sem pudor, a terra que pisamos.


Porém, o que me encanta mesmo são os eventos que acontecem no céu, antes mesmo da chuva cair: o horizonte se torna nebuloso e as nuvens brancas se transformam em grandes blocos negros e densos.


Na verdade, não estou falando daquelas chuvas avassaladoras, que destroem casas, alagam ruas e aniquilam plantações. Estou me referindo àquelas chuvas que benzem mansamente as manhãs, deixando-nos prisioneiros de nossas camas - em plena segunda-feira. Há também as chuvas indesejadas, que descem da casa de Deus nos fins de tarde (depois de um dia exaustivo e rotineiro). Estas soam com mais melancolia, porque anunciam a chegada soturna da noite.


E por fim, temos as chuvas noturnas. Acompanhadas das nuvens ruborizadas, convertem o bucólico momento em solidão e nostalgia. No mais, o que resta é terminar de escrever esta singela crônica, beber meu vinho e continuar ouvindo os chuviscos abençoados, que agora repousam sobre o telhado de casa.

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