Por Mayanna Velame
Imagem: Domenico Ghirlandaio |
Não faz muito tempo que,
ministrando uma aula de poesia, deparei-me com alguns versos primorosos de
Cecília Meireles:
“Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontem...
não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
És tu”.
Não suspires por ontem...
não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
És tu”.
Fiquei a ponderar sobre suas palavras. E até que ponto eu poderia
alcançá-las. Na minha pequenez, mais uma vez, observei o tema: a efemeridade da
vida. E, de fato, a vida assim se faz. Tudo ao nosso redor é tão instantâneo,
rápido, ligeiro, como riscos de trovão no céu.
Essa fugacidade, expressa nos versos de Cecília Meireles, parece nos
trazer uma certeza: devemos aproveitar a vida com ímpeto e gozo – mas não com
desespero. Devemos vivenciá-la com responsabilidade, e não com metodologias.
Talvez o maior erro do ser humano seja esse: viver em excesso as
tribulações do presente, transformar seu passado em refúgio perfeito e
idealizar o futuro como lugar seguro. Quando nos limitamos, deixamos as águas
da felicidade e do aprendizado escorrerem entre os dedos. E o medo de tentar o
novo, o desconhecido, acaba se resumindo em frustrações e traumas, companheiras
para o resto da vida.
A necessidade de viver não pode se apagar dentro de nós. Muitas vezes, o
fim da existência chega sem aviso prévio. Enquanto estamos aqui, saibamos
contemplar a vida (com suas ausências e presenças).
Adorei esse texto, feliz pela escolha! Abraços!
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