sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A Vida é Para Ser Vivida

Por Mayanna Velame
 
 


Esses dias, enquanto arrumava alguns papéis da prateleira, acabei reencontrando o poema de uma idosa poetisa que me abordou em plena Avenida Paulista, na minha última passagem por São Paulo. Com o corre-corre diário daquele lugar, só fui me atentar aos versos no momento em que sentei para almoçar, num modesto botequim da Bela Vista. O assunto de sua singela poesia, escrita com letra legível e tinta preta, foi justamente a Senhora Morte.


A sabedoria popular diz que “Para morrer basta estar vivo”. Clarice Lispector, em sua expressiva sensibilidade, ressaltou, em um de seus romances, a seguinte frase: “Sei que cada dia é um dia roubado da morte”. A verdade é que a morte sempre foi, e assim será, um tema instigante para todos nós.

Não sabemos o que acontece quando damos o último suspiro. Esse é o grande mistério que cerca a humanidade. É por isso que muitas crenças e suposições giram em torno do fim de nossas vidas. Há pessoas que acreditam na vida eterna – da forma como postula o Cristianismo. Já outros possuem a convicção de que a morte nada mais é que a falha geral dos órgãos vitais e ponto final.

Teorias à parte, a morte é a única certeza absoluta. Não somos seres imortais. Cedo ou tarde, seremos apenas lembrança viva na memória de alguém. Nossas mãos não irão mais tocar os livros que lemos. Nossos pés nunca mais pisarão as terras que conquistamos. E nossos olhos não irão mais observar as mazelas e maravilhas do mundo. Além disso, teremos que nos conformar com a ausência perene de pessoas que aprendemos a amar.

Estamos todos destinados à morte física. Creio que, enquanto houver fôlego de vida em cada um de nós, não podemos deixar a chama do coração morrer. A vida é para ser vivida. Isso pode ecoar como uma redundância. Mas será que estamos vivendo a vida com intensidade e paixão?

Se existe vida, então vamos amar nossos pais, vamos amar nossos irmãos, vamos tomar banho de chuva! Vamos olhar para o céu estrelado. Vamos agradecer pela oportunidade, que nos surge todos os dias, de sermos pessoas melhores.
 
A morte certamente nos espera. Pode ser numa esquina, numa curva ou num deslize qualquer. E quando ela nos chamar (para essa viagem sem volta), iremos com a sensação de que nossa vida, mesmo não sendo completa, pelo menos foi vivida com perdão, coragem, esperança. E com o coração, sem o remorso daquilo que poderia ter sido feito.
 

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