Por Sérgio Bernardo
No bonde cabem todas as etnias.
Cabem seu doutor, dona Maria, o camelô,
a secretária bilíngue,
o rapaz da padaria, a freira,
o alemão loiro, a italiana linda,
o acento portenho, a gíria ianque,
o Japão, a África, o Nordeste,
a mãe, o filho e as compras,
todos os negros
todos os brancos
tudo o que é colorido
e o que não tem cor.
Cabem no bonde a multiplicidade,
a mestiçagem, os plurais do mundo,
os músicos, artistas e poetas
desta Santa senhora multicultural.
No bonde só não há “desgoverno”:
bêbado de civilidade
bambeia mas vai firme nos trilhos;
e nele a mentira, as armações, os conchavos
não cabem,
nem pendurados no estribo.
(Poema lido pelo autor no documentário de mesmo nome, dirigido por Jorge Ferreira)
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