quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Cinema de Entretenimento e Cinema de Arte

Por Alex Constantino

O senso comum costuma marginalizar a produção cinematográfica voltada ao entretenimento como se fosse um produto menor, tanto que na grande categorização que se faz eles figuram como a antítese do “filme de arte”. É como se fosse um mal necessário, algo que se tem que tolerar porque sua produção em “nível industrial” gera as receitas com as quais os realizadores poderiam exercitar o verdadeiro fazer cinematográfico (o cinema de arte), que não possui tanto apelo popular.

O problema aí é que se subestima o consumidor e o produto da primeira categoria e se superestima o consumidor e o produto da segunda.

A verdade é que todo filme é uma expressão artística e como tal não existe arte menor ou maior, pelos menos não em critérios absolutos. O que conta, como já refleti a respeito no texto "O bom, o ruim e a arte" é quanto determinada obra impactou cada pessoa que teve contato com ela.

Assim, maior e menor só valem para definir qual foi o impacto daquele filme em mim.

O que Carlos Heitor Cony mencionou em um antigo artigo da Folha de São Paulo sobre a literatura de ação e a literatura de reflexão vale para o caso do cinema também. Daí, o que importa é se o realizador articulou eficientemente os elementos cinematográficos (a linguagem) para que a obra cumprisse sua função (entreter ou gerar reflexão). E ambas as funções são válidas e são arte.

E também não importa que para alcançar seu objetivo ele seguiu uma “receita de bolo” (Syd Field, Robert Mckee e Christopher Vogler, estou olhando para vocês!) ou se foi fruto do desabrochar do gênio artístico do realizador. O cinema pode ser feito por gênios da sétima arte ou profissionais competentes, de preferência pelo esforço combinado de ambos.


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