Por Alex Constantino
Em notícia veiculada num grande portal brasileiro, o jornalista Maurício Stycer comenta matéria publicada em recente edição da revista New Yorker sobre a presidente Dilma Rousseff, que recebeu o sugestivo título de The Anointed (A Ungida).
Nela se comenta que o Brasil funciona de um jeito “caoticamente democrático”, de forma contrária ao conceito que os estado-unidenses e europeus têm de uma sociedade livre. Isso porque, segundo ele, mesmo com a corrupção, má qualidade da educação e infraestrutura deficiente, o país vem alcançando alto índice de crescimento econômico, liberdade política e queda da desigualdade.
O autor do texto, Nicholas Lemann, menciona a importância do ex-presidente Lula para a eleição de sua sucessora que decidiu “fazê-la presidente” e que permitiu que vencesse o pleito por conta do “enorme apoio obtido em partes do Brasil onde Lula é quase Deus – os pobres, principalmente, do Nordeste afro-brasileiro.”
Esse tom metaforicamente religioso que permeia o texto revela uma mentalidade perniciosa, como se fosse difícil para eles acreditar que o sucesso brasileiro ao enfrentar a onda de recessão que assola tais sociedades “mais desenvolvidas” seja fruto de seus próprios méritos. É inconcebível que sejamos mais competentes e só uma “intervenção divina” poderia explicar que nosso país tenha melhores resultados.
Lula (o quase Deus) ungiu sua escolhida, aquela que se sentava à sua direita (Casa Civil) e a apresentou a seu povo - os pobres do Nordeste afro-brasileiro - que os guiou pela provação das eleições até a terra prometida (Palácio da Alvorada), onde o alimento não seria mais problema (Programa Fome Zero). (Eleições, 2010:1)
É realmente uma explicação muito mais plausível, embora soe bem familiar, não acham?
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