Por Alex Constantino
Estava escutando o episódio nº 33 do podcast Papo na Estante, cujo tema é a literatura de entretenimento. Em dado momento, um dos participantes, o escritor Luis Eduardo Matta, disse que para ele não havia livros bons ou ruins, mas aqueles que gostava e os que não gostava.
Tenho que concordar com ele e acredito que esse pensamento pode se estender para qualquer espécie de manifestação artística.
Se tomarmos como parâmetro que a arte, assim como a religião e a filosofia, é uma manifestação humana da busca por significados e dentre elas é aquela que tenta encontrar essa significação na expressão dos próprios sentimentos humanos, fica difícil acreditar que ela tenha um só valor para todos.
Ser bom ou ruim transmite a falsa impressão de que se pode atribuir um valor universal à uma determinada obra de arte, com alguém tendo a suposta autoridade de fazer predominar o seu significado como um veredito absoluto.
Todavia, a arte só atinge seu verdadeiro potencial (de ser transformadora e transcendente) ao encontrar um valor em cada um com quem tem contato. E cada significado é soberano no reino de quem o proferiu. E legítimo, porque levou em conta o impacto que ela causou em seu mundo.
A arte não quer ficar aprisionada num único e ditatorial significado, mas se libertar com vários deles. Nesse sentido, uma obra de arte só será justiçada quando julgada com parcialidade e, longe de critérios técnico-formais, ficará lisonjeada com um simples gosto ou não gosto.
Como bem sintetizou Emile Zola: “uma obra de arte é um ângulo visto através de um temperamento”.
Não sei quem é o autor do conceito, mas li um texto do filósofo Renato Janine Ribeiro em que ele discorria sobre a definição de tal obra como "cultura". Ele dizia que, se causou um impacto em alguém, é cultura. Não importa se é uma música sertaneja, um filme tipo B, uma peça de teatro sem nexo. Se a pessoa era uma "antes" de ter contato com a obra e passou a ser "outra" por conta disso, se a obra lhe disse algo, é cultura. E ponto. E é assim mesmo, não é? Deixemos as análises técnicas para os estudiosos da área. E, mesmo quando somos nós os estudiosos, é importante amar algo simplesmente porque nos tocou, sem mais explicações.
ResponderExcluirGrande beijo.