Por Fabio Ramos
No supermercado dos deuses,
qualquer produto exposto
possui código de barras.
Veja a prateleira dos seres humanos:
quanta variedade, quantas promoções,
quanta rotatividade, quantas...
Como em todo ajuntamento social,
a falação impera no setor.
– O meu rótulo é mais vistoso!
– Você custa muito barato!
– O seu prazo de validade venceu!
As mercadorias
de maior valor agregado
não se misturam
com aquelas mais populares.
Elas exigem o topo das prateleiras
(para ficarem na altura dos olhos
dos deuses consumidores).
Ansiando status, alguns produtos
apostam em estratégias para ascender:
bajulam, dissimulam e manipulam
os que estão na parte elevada.
Quem sabe casam
com um colega “superior”.
Já os demais necessitados,
sonham em ganhar na loteria.
Independente da altura
em que se encontra
(ou dos laços que estabeleceu),
a consequência é uma só:
depois de abertas e consumidas,
as embalagens serão descartadas
na lata do lixo.
E a mercadoria será reposta por outra.
Nada pode deter
a produção em série.
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