Por Oswaldo Antônio Begiato
Há em mim vácuos impreenchíveis
pedaços meus arrancados à força
e lançados no espaço vazio
entre corpos indesejados.
Essa sensação de estar isolado
entre tantas pessoas,
entre tantas gargalhadas,
entre tantas viagens
enerva meus sentidos
e minhas mãos tremem.
Já não posso tocar piano,
nem enfiar a linha na agulha,
nem manter o copo cheio,
nem escrever meu nome
na linha do tempo...
Já não posso com elas
dizer um adeus seguro
(eu não quero por ora dizer adeus).
E as flores?
Ai, as flores, as doces e meigas flores,
tão ternas e tão belas e tão coloridas
e tão cheias de poesias...
Eu nunca quis
me encantar com elas;
elas duram pouco
e eu estou cansado de sofrer
com perdas inesperadas
(eu não quero por ora dizer adeus).
Ando me aninhando com ilusões vagarentas
porque sei que morrerei primeiro;
o caminhar delas me ilude fazendo pensar
que o tempo é lento e que a vida é longa.
Assim sob a luz indo e vindo
entre a entrada e a saída do túnel
vou reiniciando sempre
e iludindo o fim
que me hipnotizou
pelo resto da vida
(por ora, e só por ora, não posso dizer adeus).
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