sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Malogrado

Por Mayanna Velame




Sim, um dia a gente cansa. A gente cansa de ser bonzinho. A gente cansa de ir atrás daqueles que nos desprezam.


Um dia, nosso coração aprende a ser duro e rochoso. Um dia, nossa alma se torna fria, calculista, racional.


Amar é sempre um risco. Hoje somos amados mas, amanhã, não se sabe. Incógnita perfeita. Os sentimentos, quando oscilam, demonstram insegurança. Areias levadas pelo vento...


É exatamente aí que o coração sofre, padece. Perder um grande amor é perder um pedaço da gente. É perder um pouco da esperança. É esborrachar-se no chão.


Mas a vida, cedo ou tarde, se reconstrói. Algum dia, os fragmentos se juntam e voltam a formar um novo coração; que será capaz de amar novamente. Enquanto isso não acontece, reconhecemos: o amor tem dessas coisas.


Com o tempo, não seremos mais novidade para quem amamos. Viraremos rotina. O encanto vai se desfazer. O telefonema, no final do dia, não fará tanta falta. As mensagens e declarações não receberão mais pontos de exclamação. Serão respondidas em monossílabos secos.


O monólogo amoroso se inicia assim. O “Te amo” é apenas um grito, perdido no labirinto do coração.


Sentimentos vêm e vão. São pássaros que, timidamente, pousam em nosso ninho. Fazem morada por um momento e depois voam. Quem sabe, numa próxima estação, eles retornam.

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