sábado, 30 de maio de 2015

Mudança de planos

Por Meriam Lazaro




Condicionada diariamente a tomar duas conduções para o trabalho, hoje mudei a rotina. E me dei mal. Ao sair de casa, uma amiga ofereceu carona. Os coletivos que atravessam a cidade são chamados de "T". Logo após sairmos do automóvel, eu e a filha da minha amiga entramos no "T".


Manhãzinha com temperatura alta. Já estava passando do ponto onde normalmente "pego" o segundo coletivo. Dei o sinal, desci apressada e corri para a parada. Quando vi, entrei no mesmo "T" que eu havia descido. Não sei se o motorista percebeu a loucura. Encabulada, voltei ao banco de antes.


Pensei em quão distraídos seguimos a rotina. Em razão disso, fiquei a maquinar: como seria se acordássemos um dia e todas as ruas da cidade tivessem mudado de mão? E se as lombas íngremes – em que, hoje, os carros sobem – permitissem a descida? E se a pista da direita trocasse o sentido com a da esquerda (e vice-versa)? Que maravilha! Não satisfeito com esse caos, o anjo zombeteiro soprou mais uma ideia em meu ouvido.


Que tal se nós amanhecêssemos com a cabeça virada? Literalmente. Andaríamos de costas, pés virados para trás, como o curupira das lendas brasileiras. Poderíamos ver nossos traseiros no espelho. Sem falar que os homens não precisariam se virar para olhar as "popuzudas".


Enfim, desço do ônibus. Antes que mais diabruras surjam na mente, é melhor ir trabalhar.

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