terça-feira, 1 de abril de 2014

Inferno Astral

Por Denise Fernandes
 
 



         Lembro que ele sempre sabia qual poema era para ele – e para os outros.
         E isso foi razão de brigas.
         As metáforas antes revelam do que escondem.
         Mas sinto falta de alguém que me leia como se procurasse pistas do meu amor um pouco impossível.
         Há, em toda essa liberdade, a ausência do olhar que procura. Passos e visões que só contarei se quiser. Dias de um azul que verei só.
         Nenhuma disputa. E sinto menos vontade de acreditar que será possível o impossível. Talvez eu durma depois do almoço, longe de um corpo que perturba. Posso preferir margaridas a rosas, posso amar ou não.
         Pode ser que seja meu inferno astral, uma vontade enorme de abraçar surgiu. No céu, algumas estrelas na cidade realmente vigiam o infinito. Vou fazer jantar só para mim e acordar para um dia sem graça, com TPM ou menopausa, e as mesmas notícias em todos os jornais.
         Depois escolho sonhar; e não há nada de estranho nisso. Além de sonhar, escrever. Sim, escrever vários mundos, com seus relevos e saudades.
 

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